São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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Residências de NY viram galerias de arte

Por PENELOPE GREEN
Uma caixa de pizza vazia foi encostada a uma urna de fibra de vidro preto no corredor diante da Three's Company, uma galeria que também é a sala de estar de Alex Gartenfeld e Piper Marshall, que dividem um pequeno apartamento na Chinatown de Nova York.
"Isso é o que pode acontecer com a arte depois de uma exposição", disse Gartenfeld, indicando a urna que, explicou ele, fez parte de uma instalação recente da dupla AIDS-3D, baseada em Berlim. O fato de a urna continuar lá é uma fonte de aborrecimento, ele disse. "Simplesmente não temos espaço."
Gartenfeld e Marshall fazem parte de uma nova onda de galeristas que, por diversos motivos -econômicos, filosóficos e meramente pragmáticos-, estão transformando suas casas em galerias de arte.
Alguns criam galerias ambulantes, ou eventos de uma noite na casa de outras pessoas, como o Apartment Show ou o Parlour, que são montados por jovens artistas ou curadores e migram de sala em sala.
Até na alta roda, negociantes estabelecidos, como a glamourosa galerista Sarah Gavlak, de Palm Beach, Flórida, estão abrindo suas casas: até 19 de dezembro, o apartamento de um quarto de Gavlak na Rua 57 em Manhattan foi dedicado às pinturas de Christopher Milne, um artista que cria imagens estilizadas, inspiradas em revistas femininas do início dos anos 1960.
Como os "salonistas" do século 17, os galeristas caseiros usam a intimidade de seus lares -ou os de outras pessoas- para provocar discussão e forjar uma conexão mais profunda com a arte.
"Você pode ficar à vontade na casa de alguém", disse Leslie Rosa-Stumpf, curadora independente que é a metade da Parlour, uma galeria nômade que apareceu em um sábado recente em uma antiga casa de Bushwick, no Brooklin. "Não é uma sala branca sem móveis. As pessoas se sentam no sofá, tomam uma bebida, passam horas ali e realmente absorvem tudo."
Bernard Leibov queria mudar de vida quando foi demitido do cargo de diretor-gerente de um estúdio de design, em janeiro passado. Alguns anos antes, Leibov, 46, banqueiro de investimentos que se transformou em estrategista de marca, começou a fazer curadoria de exposições com artistas de sua África do Sul natal. Ele também fez uma peregrinação a Joshua Tree, o universo alternativo do mundo da arte no deserto da Califórnia, que o inspirou a fazer seu próprio trabalho.
De volta a Nova York, "minha relação com meu apartamento havia se tornado insípida", disse Leibov sobre o loft em que mora há 12 anos.
No dia em que foi demitido, Leibov disse que sentiu uma espécie de libertação. "Foi como: 'Agora eu sei o que estou fazendo'", o que foi levar para um público maior a comunidade de Joshua Tree da qual ele se tornara parte.
Em março, ele teve sua primeira exposição caseira, com o trabalho do artista John Luckett, da Joshua Tree, que faz peças abstratas de mídia mista.
O relacionamento de Leibov com seu apartamento foi revigorado. "Eu procurava maneiras de rejuvenescê-lo", disse. "Senti uma falta de energia quando voltei para casa... Agora está fantástico. Posso viver como um grande colecionador."


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