São Paulo, segunda-feira, 04 de julho de 2011

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DINHEIRO & NEGÓCIOS

Leilão de obra de arte se muda para a web

Por RANDY KENNEDY

Vendas on-line estão se tornando uma parte cada vez mais importante do negócio de arte.
Durante o último ano e meio, Roland Sledge, um advogado de 65 anos de idade de Houston, buscou obras para sua coleção exclusivamente on-line, comprando nove peças por cerca de US$ 4.000 em média nos leilões on-line através da Artnet.
Artnet, a companhia especializada em arte com sede em Berlim, tentou se tornar uma das pioneiras em vendas on-line em 1999, mas suspendeu os leilões depois de perder milhões de dólares. Tentou novamente em 2008 e deu certo, já que os leilões respondem por 14% do faturamento.
Não se pode dizer que o glamour das vendas se aproxima ao encontrado na Sotheby e Christie. O preço médio de uma obra de arte vendida em um leilão Artnet é de cerca de US$ 6.800, o que não é suficiente para pagar nem mesmo a comissão de um leilão de alto padrão. Mas a Artnet é uma das muitas empresas que acreditam que o tempo pode ser bom para a migração para o on-line de uma parcela considerável do mercado artístico.
A Arte VIP Fair, um evento de uma semana on-line, atraiu um grande grupo internacional de galerias tradicionais em janeiro e foi visto como um sucesso. Art.sy reuniu patrocinadores pesados como Larry Gagosian e Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter. E a maioria das casas de leilão permite agora lances on-line para as vendas feitas no mundo físico.
Funcionários Artnet dizem que, em breve, grande parte do mercado de arte abaixo de um certo patamar de preço vão operar quase inteiramente on-line. Leilões na Artnet ocorrem no horário exato agendado para começar, e a companhia confia nas fotos e nas descrições dos interessados em vender no que se refere à qualidade das obras.
Um comprador, que paga uma comissão de 15% para a Artnet, vê apenas uma imagem do trabalho e, muitas vezes, não fala com o vendedor (vendedores pagam uma comissão de 10%). Após o leilão, o comprador paga o vendedor, e o produto é enviado.
Uma venda on-line real é "uma mudança radical, na minha opinião", disse Hans Neuendorf, executivo-chefe da Artnet.
A Sotheby também tentou e abandonou as vendas on-line no fim dos anos 1990, convencida de que os compradores não estão dispostos a pagar quatro ou cinco dígitos por obras que não viram pessoalmente.
Neuendorf disse que vários fatores levaram a Artnet a tentar novamente. Um deles foi que as pessoas agora se sentem confortáveis com o comércio on-line. Mas o mais importante foi o aumento considerável, na última década, do número de pessoas que compra arte contemporânea como passatempo ou como investimento. Eles tendem a ver as vendas de arte on-line como mais acessíveis e transparentes do que as vendas feitas no mundo das galerias. E há muito mais quadros e fotos por US$ 5.000 e US$ 10 mil do que obras de US$ 50 milhões da qualidade de Warhol.
Michael Moriarty, o presidente da Empresa de Pesquisas de Arte Skate, uma consultoria que acompanha de perto a Artnet, disse que seu analistas estavam céticos sobre o esforço da Artnet. A Artnet fez seu nome através da construção de um banco de dados histórico de preços de leilão no qual colecionadores, comerciantes e casas de leilão confiam.
Mas o negócio da empresa de leilões on-line já negociou mais de 6.500 peças, gerando US$ 2,5 milhões em comissões sobre os US$ 12 milhões de vendas registrados em 2010, incluindo um quadro de Richard Prince vendido por US$ 295 mil (antes das comissões). O negócio ainda não é rentável, mas a Artnet diz que isso ocorre, pois gastou dinheiro considerável para desenvolver os leilões. Ele projeta que eles vão começar a gerar lucro no final do próximo ano.
Mas os compradores de arte ainda podem precisar de um pouco de confiança gerada pelo contato com seres humanos. Gracie Mansion, uma especialista em leilões da Artnet, conversa frequentemente com Sledge.
Neuendorf disse que a Artnet tinha apenas começado a assessorar uma enorme faixa do mercado de arte secundária que vai se mover para a internet. "Nós não estamos sequer no radar deles", ele disse sobre as casas de leilões importantes. "E isso é bom", acrescentou com uma piscadela, "porque nos dá tempo para avançar."


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