São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2010

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

DESCOBERTAS

Flora se adapta após desastre

Em abril de 1986, um reator nuclear explodiu na usina de Tchernobil (Ucrânia), espalhando partículas radioativas que se infiltraram no solo dos arredores. Apesar do desastre colossal, algumas plantas da região estão conseguindo crescer na terra contaminada.
Essa capacidade de adaptação tem a ver com ligeiras alterações nos níveis de proteínas das plantas, segundo artigo da revista "Environmental Science and Technology".
"Se você visitar a área, jamais pensaria que algo de ruim aconteceu ali", disse Martin Hajduch, coautor do estudo e especialista em genética vegetal na Academia Eslovaca de Ciências. "De alguma maneira, as plantas foram capazes de se adaptar à radioatividade; queríamos entender que tipo de alteração molecular ocorreu."
Ele e seus colegas cultivaram sementes de linhaça no solo contaminado, e as compararam com a linhaça de solos não-contaminados. Concluíram que há pouquíssimas diferenças entre as plantas, exceto por uma divergência de 5% nos níveis de proteínas. Os pesquisadores acham que isso talvez seja um mecanismo de defesa que ajude as plantas a se protegerem da radiação.
Mas as plantas da primeira geração podem não ser seguras para o consumo. Os cientistas planejam publicar os resultados com plantas de segunda e terceira gerações.
SINDYA N. BHANOO

Corvos inventam ferramentas

Os corvos da Nova Caledônia, encontrados no Pacífico Sul, estão entre os mais hábeis usuários de ferramentas na natureza. Eles são conhecidos por aproveitarem gravetos para arrancar larvas de besouros dos troncos de árvores. Como bastam poucas larvas para manter um corvo alimentado o dia inteiro, aprender a usar as ferramentas acaba se tornando uma vantagem evolutiva, segundo um artigo na revista "Science".
Usando uma câmera de infravermelho, os pesquisadores estudaram o método de caça do corvo. A ave usa gravetos para cutucar uma larva até que esta fique agitada e agarre o pauzinho com suas mandíbulas, momento em que o corvo puxa o graveto. "Descobrimos que essas larvas são muito nutritivas, têm altíssimo teor de gordura e contribuem de forma desproporcional com a dieta dessas aves", disse Christian Rutz, zoólogo da Universidade de Oxford.
Corvos hábeis no emprego das ferramentas têm mais acesso a alimentos altamente nutritivos, de modo que é benéfico saber usá-las, disse Rutz.
O que ainda não se sabe é por que o uso de ferramentas evoluiu em algumas linhagens animais, e não em outras, e por que usar ferramentas é algo em geral raro entre animais. O próximo passo pode ser estudar se filhotes de corvos "ferramenteiros" obtêm benefícios, como vida mais longa, saúde melhor e mais sucesso reprodutivo.
SINDYA N. BHANOO

Como fatos viram sonho

Os cientistas discerniram um padrão peculiar, mas previsível, pelo qual os sonhos tendem a ocorrer.
Pesquisas sugerem que grande parte do que ocorre num sonho é específico daquele sonho. Mas alguns fatos cotidianos podem ser incorporados ao sonho em dois estágios. Primeiro, há o estágio do "resíduo do dia", em que fatos marcantes podem ir parar nos sonhos da noite. Mas depois ocorre algo bem mais misterioso, um "efeito do sonho retardado", em que esses fatos somem da paisagem onírica, muitas vezes para serem reincorporados cerca de uma semana depois.
Num estudo de 2004, pesquisadores analisaram diários de 470 pessoas que registraram seus sonhos por uma semana. O efeito retardado era maior entre pessoas que consideravam os sonhos como uma chance de autoconhecimento; seus sonhos costumavam envolver a resolução de problemas ou emoções vinculados a relacionamentos.
Os pesquisadores especularam que os sonhos retardados são uma forma de a mente trabalhar dificuldades interpessoais e até mesmo "reformular" lembranças negativas. Outros estudos também mostram uma conexão entre os sonhos e esse tipo de processamento da memória emocional.
ANAHAD O'CONNOR



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