São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2010

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Plasma passa a ser usado para higienizar mãos

Por ANNE EISENBERG
Os profissionais de hospitais costumam lavar as mãos dúzias de vezes por dia -e podem levar um minuto ou mais para realizar o processo corretamente, escovando as mãos com sabonete e água. Mas novos aparelhos podem reduzir para apenas quatro segundos o tempo gasto na higienização das mãos.
Em vez de escová-las, os profissionais terão que colocar as mãos em uma caixinha, que as banhará em plasma -o mesmo tipo de gás luminoso encontrado em placas de néon e telas de TV. Mas o plasma em questão estará à temperatura e pressão ambientes e terá sido preparado para aniquilar germes, incluindo a superbactéria SARM, resistente a drogas.
A tecnologia está sendo desenvolvida em vários laboratórios. Gregor Morfill, que criou diversos protótipos usando a tecnologia no Instituto Max Planck de Física Extraterrestre, na Alemanha, diz que o plasma rapidamente torna inativos não só bactérias, mas também vírus e fungos.
Morfill e seus colegas já testaram os aparelhos com seus próprios pés e mãos. "Funciona contra pé-de-atleta", disse. "E o legal é que você nem sequer precisa tirar as meias. Elas também são desinfetadas."
O uso de plasmas feitos para matar micro-organismos não é novidade. Na última década, plasmas começaram a ser empregados para esterilizar instrumentos médicos. Mas seu uso sobre tecidos humanos é outra coisa, disse Mark Kushner, diretor do Instituto Michigan de Ciência e Engenharia Plasmática. "A geração de plasma é movida por muitos milhares de volts", disse, "e normalmente a gente não quer tocar milhares de volts". Mas, segundo ele, o design dos novos higienizadores de mãos protege as pessoas contra esse risco.
Kushner disse que há muitos casos documentados de aplicação de plasma para a higienização da pele ou outras partes do corpo e "para acelerar a coagulação sanguínea durante a cura de feridas".
Morfill, que tem um laboratório de pesquisas com plasma dentro da estação espacial central, seguiu um caminho incomum no estudo das aplicações médicas. Ele estava estudando os plasmas naturais do espaço, incluindo a poeira carregada dos anéis de Saturno, e decidiu desenvolver plasmas para a saúde na Terra.
Ele já desenvolveu vários protótipos de aparelhos de higienização da mãos que podem ser montados sobre paredes, além de um modelo portátil, movido a pilha, do tamanho de uma escova de dentes elétrica grande.
Ele disse que há empresas interessadas em produzir os aparelhos que, um dia, poderão revelar-se especialmente úteis em países em desenvolvimento, onde pode haver oferta insuficiente de atendimento médico. Segundo Morfill, os artefatos provavelmente poderão ser produzidos por US$ 100 ou menos cada um, já que não têm componentes caros.
O professor de engenharia química David B. Graves, da Universidade da Califórnia em Berkeley e que trabalha há 25 anos com aplicações de plasma, disse que os novos higienizadores criam seus coquetéis antibacterianos com a passagem de uma corrente elétrica pelo ar.
Graves tem feito simulações computadorizadas das reações químicas que ocorrem nos plasmas de Morfill. A corrente elétrica ioniza o oxigênio, nitrogênio e vapor de água presentes no ar, disse ele, criando óxido nítrico, peróxido de hidrogênio e partículas que são tão eficazes contra bactérias, vírus e fungos.
Há pesquisas de muitas outras aplicações higienizadoras do plasma. Na Holanda, o professor de física plasmática Gerrit M. W. Kroesen tem focado o tratamento de queimaduras. Os plasmas, disse ele, "também estimulam a regeneração dos tecidos".


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