São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010

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Varejistas lucram com o "plus size"

Por STEPHANIE CLIFFORD

Apertada em um vestido de brim branco tamanho 46, usando saltos altos que a deixam com 1,88 metro de altura, Gwen DeVoe, ex-modelo e produtora de desfiles de moda, subiu em uma passarela em Manhattan recentemente e fez para os varejistas uma promoção da mulher tamanho "plus".
E quanto às lojas que não vendem tamanhos grandes? "Que vergonha!", disse DeVoe. "Toda garota cheinha que tem um dólar está querendo gastá-lo."
É o que os comerciantes estão percebendo.
No mesmo dia, o centro de prevenção de doenças (CDC) dos EUA relatou que 28% da população adulta do país estava obesa no ano passado, a maior porcentagem registrada até hoje. Quase dois terços das mulheres americanas estão acima do peso ou obesas, segundo os números mais recentes do CDC.
Enquanto médicos e autoridades de saúde pública incentivam os americanos a emagrecer, a indústria da moda está aceitando as pessoas como elas são.
Tanto grandes varejistas, como Forever 21 e Target, quanto estilistas caros como Elie Tahari decidiram que o engordamento dos EUA é uma grande oportunidade de negócios.
As roupas padronizadas em que a maioria das lojas se concentrou nos últimos anos cabem em cada vez menos pessoas.
E, enquanto o varejo procura maneiras de revigorar as vendas, o tamanho grande é uma das poucas categorias onde há crescimento. O mercado do tamanho "plus" cresceu 1,4%, enquanto os lucros das confecções femininas em geral caíram 0,8% nos 12 meses anteriores a abril de 2010, em relação ao mesmo período um ano antes, segundo a firma de pesquisas NPD Group.
"Faz sentido para as empresas", disse DeVoe, que no ano passado criou a "Full-Figured Fashion Week" (semana da moda para tamanhos grandes) para pressionar os comerciantes a adotar tamanhos maiores. "Já me disseram várias vezes que ninguém quer ser uma mulher tamanho grande, e isso provavelmente é verdade, mas também é um fato que temos de trabalhar com a realidade."
Isso nem sempre é fácil para varejistas que se aventuram no mundo das consumidoras gorduchas. Algumas mulheres maiores não gostam de experimentar roupas nos mesmos provadores que as mulheres menores.
O estoque em tamanho grande ocupa um espaço de armazenagem valioso, e nem todo o mundo é grande da mesma maneira, o que significa que as lojas não podem contar que um vestido tamanho 44 caberá na maioria das mulheres de 82 quilos -uma pode ter um torso maior, outra, coxas mais grossas, e outra, quadris mais largos.
As roupas tamanho "plus", que hoje geralmente começam no tamanho 42 (14 nos EUA), existem há pelo menos 90 anos, desde que uma imigrante da Lituânia, Lena Bryant, transformou um negócio de roupas para grávidas em uma linha para mulheres robustas na década de 1920.
Houve várias iniciativas para tornar as roupas tamanho grande mais disponíveis, mas, como sugeria, nos anos 80, o nome da rede de roupas grandes The Forgotten Woman (A mulher esquecida), as gordinhas geralmente foram relegadas a poucas butiques abastecidas de túnicas roxas amorfas.
Apesar de os americanos terem engordado na última década, as roupas tamanho "plus" constituem apenas 17% do mercado de confecções femininas hoje, segundo a NPD. O custo é um problema. As roupas grandes são mais difíceis e caras de produzir do que as de tamanhos mais tradicionais. O tecido pode ser a maior parte do custo de uma roupa -até 60%-, e tamanhos maiores exigem não só mais tecido, mas às vezes processos de produção diferentes.
O estilista de luxo Elie Tahari começou a vender uma linha tamanho "plus" neste ano, e na semana da moda das gordinhas mais de 25 outros estilistas exibiram suas roupas para compradores de lojas e para mulheres avantajadas.
Sobre a passarela em um desfile, DeVoe enfatizou que as mulheres grandes estão dispostas a comprar roupas. Enquanto o público aplaudia, ela gritou: "Meus bolsos estão gordos!"


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