São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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Analistas da web retornam a alta em Wall Street

Por SUSANNE CRAIG

Muito depois que os analistas estrelas da era pontocom se autodestruíram, uma nova geração em Wall Street está ganhando atenção e muito dinheiro.
As empresa de investimentos disputam especialistas em pesquisa na web e mídia social, que são contratados para contar as histórias dessas empresas aos investidores. Alguns desses analistas estão ganhando milhões de dólares por ano -números que não muito tempo atrás seriam quase impensáveis.
Mesmo nos círculos de Wall Street, algumas pessoas se perguntam se este é mais um sinal de que a onda da internet está saindo do controle novamente. Acrescente a isto a recente turbulência nos mercados financeiros e você poderia concluir que alguns analistas mais uma vez estão dizendo aos investidores para comprar exatamente na hora errada. Gustavo G. Dolfino, presidente da firma de recrutamento White-Rock Group, fez seleção para uma dúzia de cargos de analistas até agora no ano, contra sete em 2010. "A coisa está aquecida", diz.
Wall Street está faminta pelos honorários que acompanham a abertura de capital de empresas como LinkedIn, Facebook e Groupon. E os bancos, por sua vez, precisam de pessoas capazes de explicar essas empresas para os investidores.
Segundo pessoas familiarizadas com os salários de vários analistas, aqui estão três que se saíram bem ultimamente:
Douglas Anmuth foi atraído para o JPMorgan Chase no início deste ano com um pacote de pagamentos avaliado em aproximadamente US$ 2 milhões. Ele estava ganhando cerca de US$ 1,3 milhão na Barclays Capital, uma filial do banco britânico.
Heather Bellini pousou no Goldman Sachs com um pacote de pagamentos notável, de quase US$ 3 milhões. E Mark Mahaney, que o JPMorgan tentou contratar com uma proposta de quase US$ 3 milhões, ficou no Citigroup - depois de obter um aumento.
Os analistas geralmente se classificaram abaixo dos corretores e banqueiros na hierarquia de Wall Street. Os famosos dos anos 90 se destacaram tornando-se as faces públicas de Wall Street, mas o colapso da Nasdaq expôs seus conflitos: muitos analistas estavam empurrando ações para ajudar seus bancos a lucrarem.
Foi muito divertido enquanto durou, pelo menos para alguns dos principais analistas, que ganhavam US$ 15 milhões ou mais por ano. Mas os reguladores entraram em ação. Em 2003, os grandes bancos pagaram uma multa de US$ 1,4 bilhão e foram proibidos de subsidiar pesquisas de analistas com suas operações de bancos de investimento. Os analistas tinham de ser pagos com base no tempo de serviço, na experiência, qualidade do trabalho e demanda por eles no mercado - e não pelos negócios que ajudavam a fechar.
Sem o rico apoio dos bancos de investimento, a remuneração dos analistas despencou. Em 2001, eles ganharam em média US$ 1,45 milhão. Em 2005, havia caído para menos de US$ 800 mil, segundo um estudo, enquanto os bancos relutavam em dar aumentos para analistas que cobrem setores em que seus bancos de investimento são ativos, por medo de atrair a atenção dos reguladores.
Os americanos comuns ficariam felizes de ganhar US$ 800 mil por ano, mas em Wall Street, onde os salários anuais de vários milhões não são raros, esses pacotes de pagamentos eram uma decepção para os antigos astros.
Mas exatamente quando você pensou que os dias de glória dos analistas de Wall Street haviam terminado a guerra de apostas pela nova raça de analistas da Internet sugere outra coisa.
Diante do calor no mercado tecnológico, graças às empresas de mídia social, os analistas do setor estão se saindo bem. Isso é em parte uma função da oferta. No auge do sucesso das pontocom, não menos de 616 analistas de Wall Street cobriam empresas da Internet. Hoje eles são 362, segundo a Thomson Reuters.
E menos de uma dúzia desses são especializados em ações de redes sociais, como Anmuth. Mahaney, do Citigroup, cobre a Pandora, e algumas pessoas esperam que ele cubra o Facebook. Desde que os investidores apostem nessas ações, Wall Street continuará aumentando o preço de seus analistas.
Parece improvável que essa nova classe de analistas da Internet chegue a rivalizar com a geração pontocom em alcance e influência. A ironia é que a web na verdade encolheu seus papéis no mercado. Hoje, os investidores leem blogs e comentam posts, conferem seus próprios números e comparam notas com colegas.
E existe a questão da confiança, e se os analistas um dia conseguirão reavê-la totalmente.
A boa notícia é que alguns analistas da internet hoje parecem mais moderados em suas previsões do que seus antecessores.
Em junho, Anmuth emitiu relatório positivo sobre o LinkedIn depois que seu patrão, o JPMorgan, ajudou a colocar a empresa na Bolsa. O LinkedIn, ele escreveu, estava "perturbando os mercados de empregos on e offline". Com a ação negociada a cerca de US$ 76, ele ditou preço alvo de US$ 85. Mas em julho, quando as ações da LinkedIn superaram US$ 100, Anmuth recuou. Reduziu sua nota. Se os investidores vão escutar, é outra história.


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