São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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Raridade na TV: pessoas reais para os reality shows

Por CRAIG TOMASHOFF

Quase duas décadas já se passaram desde que a MTV lançou "The Real World", o primeiro seriado da televisão americana a usar pessoas comuns, desconhecidas, para vigiá-las com câmeras 24 horas por dia, sete dias por semana, até ficarem famosas.
Dezenas de programas mais tarde, é quase impossível encontrar alguém nos EUA que não tenha visto como o gênero funciona -ou seja, que os personagens mais absurdos ou exagerados conquistam mais atenção, sem falar em contratos lucrativos e acordos de patrocínio.
"As pessoas ficaram mais espertas em relação a coisas desse tipo, então ficou mais difícil escolher participantes", disse Lacey Pemberton, diretora de elenco da série "Bachelor", na rede de televisão americana ABC.
"Quero pessoas para quem a ideia de fazer isso seja novidade, pessoas que não estejam tão focadas em aparecer na televisão."
Nos primórdios de "The Bachelor", que estreou em 2002, Pemberton e sua equipe recebiam cerca de 100 fitas de candidatas a participantes. Hoje recebem milhares de vídeos que recorrem a técnicas sofisticadas de edição para chamar a atenção.
Para Jonathan Murray, cuja produtora criou "The Real World", o segredo de selecionar participantes hoje está em "procurar pessoas que não estão nos procurando".
A Bravo procura pessoas que já tenham "a vida, a renda, a casa, os recursos e o estilo de vida que queremos mostrar na televisão", explicou Christian Barcellos, vice-presidente de produção. "Isso elimina uma faixa enorme de pessoas que só querem aparecer na TV."
Não é tão fácil no caso de um programa de concurso, como "The Bachelors". Não são exigidas habilidades ou características específicas. Mas o produtor executivo da franquia, Mike Fleiss, prefere comemorar o aumento das pessoas ansiosas por aparecer na TV: isso aumenta as opções de candidatas entre as quais escolher.
"Antigamente recebíamos muitas participantes de concursos de beleza, mas isso vem diminuindo, à medida que participar no programa passou a ser mais comum", explicou Fleiss.
É difícil definir o que procuram os profissionais responsáveis pelo elenco. A credibilidade parece ser crucial nos candidatos, mas não é fácil definir o que é isso.
"Você pode conseguir falsificar credibilidade por algum tempo, mas a verdade acaba vindo à tona", disse Barcellos. Thom Beers, produtor executivo de "Deadliest Catch", "Storage Wars" e do ainda inédito "American Hoggers", disse que uma produção dele "busca pessoas autênticas que possuem habilidades reais no mundo".
No entanto, pessoas que parecem comuns durante o casting podem mudar depois que um programa vai ao ar.
"Conversamos com todos os participantes antes de começar e lhes explicamos que a fama não os deixará mais inteligentes ou mais bonitos", afirmou Beers. "Eles devem aproveitar a fama, mas também ter consciência de que ela vai acabar."


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