São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

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Ensaio
Kelley Holland

Administrando a empresa em tempos bicudos

Pense nisso: milhões de postos de trabalho foram perdidos desde que a recessão global começou, o que significa que inúmeros administradores tiveram de demitir funcionários, viram colegas perderem seus empregos ou foram eles próprios cortados.
Além disso, a tecnologia muda freneticamente, e os gestores que se formaram na época dos memorandos em papel estão repentinamente preocupados com o Twitter, com blogs e com as escapadas virtuais dos seus empregados.
Em momentos como este, é fácil que os gestores embarquem numa mentalidade de bunker. De fato, quem quer conversar com os funcionários quando a única coisa a comunicar são demissões, férias coletivas, cortes draconianos de gastos ou tudo isso junto?
Mesmo para gestores que não se inibem pode ser difícil dar alguma orientação útil aos empregados. Mas é essencial que eles deixem suas próprias preocupações de lado e ajudem sua equipe a lidar com este ambiente novo e assustador. Em tempos de incerteza, os funcionários precisam de liderança.
Assim, é hora de espanar o pó de alguns preceitos consagrados da gestão que podem ajudar nestes tempos difíceis.
Primeiro, lembre-se de que liderar significa tratar os empregados como adultos responsáveis, não como crianças voluntariosas que podem ser mandadas ou amaciadas com meias verdades. Repetidos estudos mostram que as organizações funcionam melhor quando seus integrantes estão informados e com poderes e quando são convidados a contribuir e demonstrar iniciativa.
É preciso também que os gestores sejam diretos quando se trata de dar más notícias. Se os empregados ouvem rumores de demissões, por exemplo, possivelmente passarão seus dias numa nuvem de preocupação sobre a tragédia iminente, justo quando seria crucial que estivessem no seu momento mais produtivo.
Por essa e muitas outras razões, os gestores precisam ir além do seu círculo íntimo —ou emergir dos seus bunkers metafóricos— para descobrir o que está realmente acontecendo no resto da empresa e do setor.
Um pouco de inteligência emocional também faz maravilhas. As pessoas trabalham melhor quando acreditam que seus gestores e colegas as entendem e respeitam, quando podem concluir suas frases nas reuniões e quando sentem que suas ideias e opiniões são ouvidas.
A justiça é outro preceito básico da administração que frequentemente acaba perdido em meio à confusão. Tratar as pessoas com justiça não significa necessariamente tratá-las como iguais. Mas estudos demonstram que empregados que entendem a base das decisões administrativas e as percebem como sendo justas se sentem mais confiantes de que suas próprias contribuições serão reconhecidas e, portanto, ficam mais motivados e engajados. Gestores inteligentes também permitem que os empregados tragam mais de si mesmos para o trabalho —e às vezes isso inclui coisas profundamente pessoais, como religião ou orientação sexual.
Talvez o mais importante seja que os bons gestores encontrem prazer no trabalho e deixem que todos saibam disso. Quando as chefias se entusiasmam com a criação de um novo anúncio ou com a obtenção de uma nova conta importante, o local de trabalho fica com um clima completamente diferente, mais energizado.


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