São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2011

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Prêmios para incentivar a inovação

STEVE LOHR
ENSAIO

Uma oferta de US$ 3 milhões por um aplicativo que diagnostica doenças. A internet está revitalizando um mecanismo antigo no jogo da inovação: o prêmio como incentivo.
Em algumas semanas do ano, competições gigantescas são organizadas. Em maio, Overstock.com, companhia de vendas on-line, anunciou que pagaria US$ 1 milhão para a pessoa ou o time que apresentasse tecnologia que melhorasse as recomendações dos seus produtos. Qualcomm e X Prize Foundation anunciaram campeonato de US$ 10 milhões por aplicação de smartphone que diagnostique problemas de saúde tão precisamente quanto os médicos costumam fazer.
Em abril, a Heritage Provider Network, um grupo médico da Califórnia, ofereceu detalhes e prazo para o pagamento do prêmio de US$ 3 milhões.
Esse dinheiro vai para o time que apresentar o melhor algoritmo para prever quais pacientes têm mais chances de serem internados no próximo ano.
Talvez o esforço mais profundo venha do governo dos EUA. Uma legislação aprovada em dezembro autoriza as agência do governo, concedendo maior liberdade a elas, a oferecer prêmios de até US$ 50 milhões em desafios de inovação.
A proliferação dos prêmios, diz Josh Lerner, professor da Harvard Business School, é parte de uma tendência de companhias e governos abertos interessados em estreitar os laços com pessoas criativas por meio da web. Software de fonte aberta -programas de computadores desenvolvidos por técnicos e disponibilizados gratuitamente- é um exemplo do modelo de "inovação aberta".
"Mas, enquanto a popularidade atual dos prêmios é facilitada pela internet, esse modelo de recompensa é bem antigo -anterior aos computadores", observa Lerner. Em 1714, o Reino Unido ofereceu um prêmio de 20 mil libras -perto de US$ 4,5 milhões atualmente- para quem apresentasse uma maneira de determinar com precisão a localização de um navio. Tal processo resultou na criação da bússola, um instrumento imprescindível para a navegação, por John Harrison.
Em 1975, o governo francês criou um prêmio atrativo para o inventor de uma maneira de preservar a comida, pois o alimento do Exército de Napoleão estragava nas viagens. Nicolas Appert apresentou uma técnica para estocar comida.
Em 1919, Raumond Orteig, dono de hotel em Nova York, anunciou prêmio de US$ 25 mil -US$ 300 mil atualmente- para a primeira pessoa que voasse, sem o direito de pousar, de NY a Paris. Em 1927, Charles Lindbergh venceu o desafio, o que abriu as portas para a aviação comercial transoceânica.
Esses exemplos demonstram a força desse incentivo para extrair ideias de fontes improváveis. Harrison era um desenvolvedor de relógios, não um astrônomo ou cientista. Appert era dono de loja de doces em Paris. Lindbergh, com 25 anos na época, não era piloto de destaque nos seus dias; conduzia somente aviões de correio.
Os patrocinadores esperam que seus prêmios encorajem pessoas brilhantes na geração de ideias. Richard Merkin, executivo-chefe da Heritage Provider Network, disse que gostaria de ver seu prêmio de US$ 3 milhões distribuído para especialistas em software de internet, assim como profissionais de nanotecnologia e de astrofísica.
A competição durará dois anos. Quando houver melhora no ato de prever quais pacientes têm maior probabilidade de internação, o conhecimento será usado, segundo Merkin, para reparar o tratamento a pacientes de risco.
A ideia é ajudá-los a ficar fora dos hospitais, lugar em que cuidar deles é muito caro. Estudos estimam que no mínimo US$ 30 bilhões são gastos nos EUA todos os anos em internações hospitalares que poderiam ser evitadas.


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