São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2011

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A crise da economia afetou quem vende iate

Barco de 49 m para 12 pessoas à espera de um endinheirado

Por GERALDINE FABRIKANT

Os tempos estão difíceis para os vendedores de barcos de luxo.
Nos tempos de abundância, os entusiastas de iates encomendavam um novo barco de sonho e mantinham o antigo por vários anos até que o novo, finalmente, ficasse pronto.
Então, eles vendiam rapidamente o antigo para novos milionários impacientes.
Mas essa equação mudou completamente com a crise financeira, dois anos atrás, e arrastou consigo a integridade do mercado de iates de luxo.
Alguns dos ricos terminaram como Peter A. Hochfelder, fundador da Brahman Capital Management, firma de investimentos privados em Manhattan. Hochfelder, que possuía um Lürssen de 41 metros, encomendou um segundo barco em 2007, um iate Trinity de 49 metros, que ficou pronto em 2009.
Hoje, ele está pedindo US$ 9,5 milhões pelo barco mais velho e US$ 33 milhões pelo novo, que pode abrigar 12 convidados.
"Foi um paraíso de tolo", disse Malcolm Maclean, editor do site BoatInternational.com.
Segundo estimativa, 300 novos barcos foram vendidos anualmente em todo o mundo de meados da década de 1990 até o colapso em 2008, quando as vendas caíram para cerca de cem.
Ian McGlinn, um vendedor de carros britânico que morreu em junho, encomendou uma série de barcos durante o boom e os vendeu com bom lucro para compradores que não queriam passar dois anos esperando por um barco, segundo corretores de iates; esses dias terminaram há muito tempo.
"É uma grande indagação se os chineses vão adotar o iatismo", disse Bob McKeage, um vendedor de barcos da Flórida. "Até agora são principalmente os chineses de Hong Kong."
Ele comentou que havia uma grande riqueza na Argentina, Brasil, Chile e Venezuela, mas só os venezuelanos eram compradores sérios de iates.
Hoje, a maioria está às margens, embora "o nível de pesquisa esteja se recuperando", disse William S. Smith III, vice-presidente da Trinity Yachts em Gulfport, Mississípi.
O medo faz parte do problema. Os ricos estão agarrados ao dinheiro, e até os especuladores que constroem iates estão à espreita.
A fuga não se limita aos Estados Unidos. "O Lehman Brothers caiu durante a feira naval de Mônaco em 2008", disse Smith, sobre a firma financeira que declarou falência.
"E todos os vendedores europeus esnobaram no início porque pensaram que o mercado europeu estivesse desligado do americano.
Mas, antes que a feira terminasse, eles não estavam mais tão arrogantes. A coisa afetou todo mundo."
Se a queda de compradores americanos, que durante muito tempo responderam pela maior parte do mercado, sugere uma mudança para compradores nas economias mundiais em rápido crescimento não está claro, mas, entre as vendas recentes, uma foi para um magnata mexicano e duas para empresários da Malásia.
Enquanto isso, o fretamento de barcos se recuperou mais depressa que as compras. Shannon Webster, corretora de iates de Fort Lauderdale, disse que seus negócios neste inverno foram bons.
"Meus preços são de aproximadamente US$ 200 mil por semana", ela disse, para um barco de 50 metros onde 12 pessoas dormem.
Certamente US$ 200 mil por semana é só para os muito ricos. Mas, em comparação com um iate de US$ 20 milhões, alguns poderiam dizer que estamos falando de uma pechincha.


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