Por MARC LACEY e ANTONIO BETANCOURT

CIDADE DO MÉXICO - Os policiais do México podem não apanhar tantos criminosos quanto deveriam, mas têm a reputação de raramente deixar passar uma barraca de tacos.
Na capital mexicana, onde tantos os policiais como os vendedores de tacos proliferam, os policiais robustos tornaram-se um tal problema que as autoridades começaram a supervisionar não só o número de bandidos eles que detêm, mas também as calorias que consomem.
Para enxugar uma força em que 75% dos mais de 70 mil policiais são considerados gordos, o comandante impôs uma dieta austera nos refeitórios do departamento.
Em vez das 4.000 calorias que os policiais costumavam consumir nas cafeterias da polícia, os 1.300 oficiais mais pesados hoje recebem cerca de 2.500 calorias por turno. (As necessidades calóricas de cada pessoa variam, mas para a maior parte da população 4.000 calorias por dia está mais de acordo com um banquete do que simplesmente satisfazer a fome.)
Alfredo Peniche, que dirige o programa médico do departamento, descreveu as diversas opções de cardápio no novo plano de austeridade alimentar, que incluem fajitas de frango, feijão e carne com cogumelos e nopales, ou figo-da-índia, mas não tudo na mesma refeição.
As autoridades admitem que os policiais ainda poderão "beliscar" durante o serviço. "A cultura dos lanches está presente na maior parte da população", disse Peniche. Mas o departamento ainda espera inculcar melhores hábitos alimentares na força policial.
Os mexicanos em geral estão engordando. O Departamento de Saúde disse, em relatório divulgado neste ano, que os níveis de obesidade no México só perdem no mundo para os dos EUA, e o problema é especialmente agudo entre os jovens.
Os mexicanos não se exercitam o suficiente, disseram as autoridades, e um recente estudo de saúde do governo revelou que a população consome quase o dobro da quantidade de sal recomendada pela Organização Mundial de Saúde, levando a índices elevados de hipertensão, doenças cardíacas e falência renal, além da obesidade.
Muitos policiais da Cidade do México estão seguindo os menus mais saudáveis, e relatórios iniciais indicam que as cinturas estão encolhendo. Mas também há muita trapaça, pois os policiais admitem complementar sua ração oficial com guloseimas mais satisfatórias nas ruas.
"É bom perder peso", reconheceu Crescencio Aguilar, 48, veterano há 18 anos na polícia de trânsito que pesa pouco mais de 90 quilos e tem um abdômen proeminente. "Mas a verdade é que sou assim, fui gordinho desde criança, e vai ser difícil diminuir."
Então ele deu uma risada que sacudiu sua pança.
Mas a equipe médica do Departamento de Polícia diz que o problema é sério. O peso dos policiais não apenas afeta o desempenho no trabalho, tornando praticamente impossível que eles corram atrás dos criminosos, como também aumenta sua exposição a uma série de doenças.
"Não podemos lhes dizer para não comer sanduíches e tacos", disse Nora Frias, oficial de polícia graduada, ao anunciar a dieta. "O que podemos dizer é que, se comerem um sanduíche, se comerem três tacos, equilibrem tudo com um pouco de legumes."


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