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Máquina automática é a nova fronteira das compras
Por STEPHANIE ROSENBLOOM
Algumas máquinas de venda automática instaladas em Tóquio estão equipadas com
olhos eletrônicos, que avaliam a pele e as rugas do cliente a fim de determinar
se ele tem idade suficiente para comprar cigarros.
Nos banheiros de elegantes bares canadenses, máquinas de venda automática
dotadas de chapinhas permitem que mulheres alisem seus cachos. Em Abu Dhabi, o
saguão de um hotel tem uma máquina de venda automática de barras e moedas de
ouro.
Uma nova geração de "vending machines" está proliferando no mundo, de hotéis a
lojas de departamentos. Equipadas com telas de toque em vez de botões e fachadas
para atenuar a raiva dos consumidores diante das máquinas, elas operam com
sensores que garantem que o cartão de crédito do cliente não seja debitado até
que o produto adquirido seja apanhado por ele.
As máquinas não funcionam com trocados: seus produtos têm preços da ordem dos
US$ 10 e ocasionalmente muito mais.
Na Europa e Ásia, os consumidores podem comprar roupas íntimas, brinquedos,
pizzas e morangos orgânicos em máquinas.
No Japão, há 1 máquina automatizada de venda para cada 23 habitantes, diz
Christopher Salyers, autor de "Vending Machines: Coined Consumerism", um livro
sobre essas máquinas. A densidade populacional do país, sua baixa criminalidade
e fascinação com a tecnologia fizeram dele o paraíso das vendas automáticas.
"Há fileiras e mais fileiras delas nas ruas", diz Salyers.
A mudança nas preferências dos consumidores quanto ao consumo e o custo elevado
de operação de lojas físicas está inspirando marcas famosas a repensar sua forma
de vender.
Nas palavras de Gower Smith, cuja companhia, a ZoomSystems, criou mil quiosques
automatizados chamados ZoomShops, "uma ZoomShop custa menos que um funcionário".
Dois meses atrás, a marca de cosméticos Body Shop começou a oferecer produtos
para pele em máquinas de luxo instaladas em aeroportos. Os shopping centers
virão a seguir.
No final deste ano e começo do ano que vem, uma empresa chamada U*tique passará
a vender produtos de beleza sofisticados em máquinas que se acendem quando um
cliente se aproxima.
Nos últimos anos, Best Buy, Sephora, Apple e a linha de produtos para pele
Proactiv colocaram produtos à venda por meio de máquinas. A loja Quicksilver
vende calções e biquínis em máquinas instaladas nos hotéis Standard.
Essas máquinas também oferecem marcas nascentes que não estão à venda em lojas -
mais uma maneira de introduzir seus produtos no mercado. Os compradores podem
fazer devoluções ligando para um de telefone que vem impresso no recibo.
Na era de iPads, acesso rápido à internet e check-in automatizado em aeroportos,
os consumidores esperam gratificação instantânea. Não só estão acostumados a
pesquisar e adquirir produtos sem ajuda, como, muitas vezes, preferem comprar
assim.
"Os estudos muitas vezes contêm declarações do tipo 'minha mãe compra no
quiosque de produtos de beleza, mas eu quero comprar sozinha'", diz Mara Segal,
presidente-executiva da U*tique, que planeja instalar 20 "vending machines"
neste ano.
As máquinas -que preenchem a lacuna entre as lojas antiquadas e o comércio on-
line- não estão sendo instaladas apenas em aeroportos e shopping centers. Estão
surgindo em bases militares, supermercados, universidades e até em cadeias de
varejo.
O aspecto econômico torna fácil compreender o motivo. As lojas em shopping
centers em geral faturam US$ 3,63 mil por m2/ano, enquanto uma ZoomShop de 3 m2
pode gerar entre US$ 33 mil e US$ 110 mil por m2/ano, segundo Smith.
As máquinas modernas, que custam entre US$ 3.000 e dezenas de milhares de
dólares, são por enquanto parte pequena do setor e faturam menos de US$ 1
bilhão, de acordo com Chris Rezendes, da VDC Research.
O objetivo delas é propiciar uma sensação de descoberta e charme que muitas
vezes está ausente do varejo tradicional. As máquinas, como diz Segal, "não são
abastecidas; são preparadas para exposição".
As máquinas da U*tique têm as mercadorias ordenadas e iluminadas como peças de
arte, em uma série de elegantes portais.
"Dedicamos muita atenção e cuidado a tudo que há de sexy no varejo", diz Segal.
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