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Cidade montanhosa quer ser o novo Vale do Silício
No pé das Rochosas, um santuário para novas empresas
Por CLAIRE CAIN MILLER
BOULDER, Colorado - Sessenta engenheiros, empresários e financistas bebericavam
chá-mate em um café num dia ensolarado em Boulder, pouco tempo atrás.
Conversavan sobre como a cidade -geralmente considerada um enclave de hippies,
maconheiros e escaladores de rochas- se tornou um canteiro do capitalismo.
Empresários tecnológicos experientes e investidores sentam-se ao lado de pessoas
que acabam de se mudar para Boulder esperando começar um novo empreendimento.
A pequena cidade está criando empresas novatas em um ritmo que chama a atenção.
Nos primeiros três meses do ano, 11 "start-ups" tecnológicas do Colorado
levantaram US$ 57 milhões em capital de risco, solidificando a posição de
Boulder entre os próximos centros tecnológicos dos EUA.
"No Vale do Silício você é um peixinho em uma grande lagoa, e parecia [um
ambiente] não tão colaborativo e muito mais corporativo", disse Chad McGimpsey,
que recentemente se mudou para Boulder e hoje frequenta o clube de café que se
reúne duas vezes por mês.
"Aqui você é um grande peixe em um pequeno lago. Além disso, há as montanhas."
Uma longa lista de comunidades em todos os EUA tentaram se tornar "o próximo
Vale do Silício". Mas poucas têm a combinação de dinheiro, universidades, banco
de talentos "high-tech" e o estilo de vida atraente. Boulder, porém, tem atraído
veteranos da indústria tecnológica e jovens empresários com promessas de uma
comunidade tecnológica que permite passeios na hora do almoço ao pé das
montanhas Rochosas.
Os sucessos da cidade incluem a Rally Software, empresa que faz software para
administração de projetos; a Socialthing, serviço de mídia social adquirido pela
AOL; e a Kerpoof, que faz ferramentas de criação na web para crianças e foi
comprada pela Disney.
Os dólares dos investidores de risco estão seguindo os empresários para o
Colorado. De 2007 a 2009, capitalistas de risco investiram US$ 1,9 bilhão em 275
novatas do Estado, contra US$ 1,6 bilhão em 247 empresas de 2004 a 2006, segundo
a Associação de Capital de Risco dos EUA. O dinheiro vem de firmas de
investimento do Colorado -incluindo o Foundry Group, empresa proeminente de
Boulder-, assim como do Vale do Silício e de Nova York.
As receitas de outras cidades para criar o próximo Vale do Silício geralmente
deixam de fora alguns ingredientes principais. Richard Florida, que escreveu
"The Rise of the Creative Class" (A ascensão da classe criativa) e estuda por
que certas cidades promovem a criatividade, cita três fatores cruciais: pessoas
talentosas e uma alta qualidade de vida que as mantém no lugar, perícia
tecnológica e mentalidade aberta, que muitas vezes vem de uma forte
contracultura.
"Boulder atingiu esse belo ponto em que possui muitas das vantagens de uma
cidade universitária -tecnologia, talento e abertura-, mas sem muitos custos, o
tráfego e o congestionamento que podem prejudicar os novos centros de inovação",
disse Florida.
Esse equilíbrio não ocorreu por acaso. Empresas de alimentos naturais como Wild
Oats Markets e Celestial Seasonings começaram ali, e vários laboratórios e
várias companhias de tecnologia americanas, como a IBM, abriram postos avançados
na cidade. No início, as indústrias de biotecnologia, telecomunicações e
armazenamento de dados decolaram em Boulder.
Muitas figuras "tech" de Boulder se mudam para lá exatamente porque querem
escapar do Vale do Silício. "Existe a sensação, no Vale do Silício, de que, se
você vencer, outra pessoa perde", disse Kimbal Musk, executivo-chefe da OneRiot,
uma máquina de pesquisas em tempo real baseada em Boulder. "Isso levou muita
gente a partir."
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