São Paulo, segunda-feira, 07 de setembro de 2009

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LENTE

Alisado, raspado ou tingido?

O cabelo é um rico e poderoso ornamento. Uma ideia tardia da evolução, o cabelo continua sendo uma constante distração e uma obsessão para os seres humanos. Afinal, foi uma loura em "Adeus, Minha Adorada", de Raymond Chandler, quem conseguiu fazer um bispo abrir um buraco em um vitral.
Para as mulheres negras, a decisão de alisar -ou "relaxar"- os cabelos continua sendo delicada e problemática em relação a sua identidade cultural. Como relatou Catherine Saint Louis, no "New York Times", as raízes muito enroladas são consideradas menos aceitáveis por alguns parentes, assim como pela sociedade branca. Outras adotam o estilo afro como símbolo visual de orgulho e dignidade racial.
"Para as mulheres negras, você é maldita se o fizer e maldita se não fizer", disse Ingrid Banks, professora-adjunta de estudos negros na Universidade da Califórnia em Santa Barbara. "Se você tem cabelo liso, é acusada de se vender. Se não alisa, é considerada contrária às práticas adequadas de boa aparência", disse.
Todas as mulheres sempre sentiram um grau extra de pressão cultural para deixar os cabelos, e todos os pelos, "dentro da norma". Saint Louis relatou em outro artigo que, a partir da década de 1920, as mulheres foram estimuladas pelos fabricantes de produtos de depilação a raspar as axilas e as pernas.
Mas, hoje, os homens peludos também são vistos com suspeita. Para parecerem mais higiênicos e atraentes, eles estão removendo os pelos do peito, das costas, das axilas e, sim, das virilhas.
"Costumava ser uma marca dos modelos masculinos e dos homossexuais", disse Kat Fay, analista sênior da Mintel, firma de pesquisas de mercado, sobre esse "paisagismo" masculino. Mas, agora, o visual liso, "a maior arma para arranjar namorada", se difundiu entre um leque maior de homens.
No final de maio, o vídeo "Como Raspar suas Virilhas", da Gillette, ficou em terceiro lugar em uma lista dos principais anúncios em vídeo on-line compilada pela firma Visible Measures, que mede audiência na internet.
A mania da depilação chegou a devorar sobrancelhas. A mais nova tendência -para ambos os sexos- é livrar-se totalmente delas, seja clareando ou raspando, relatou William Van Meter. "A ausência de sobrancelhas tem um elemento assexual. Hoje, somos muito mais abertos ao outro. A remoção das sobrancelhas remove um grau de expressão que nos faz parecer menos humanos e mais cerebrais, possivelmente mais mecânicos. É um exercício de modernidade", disse a consultora de moda Lauren Boyle.
Em alguns casos, porém, o cabelo não tem a ver com afirmação pessoal, mas é simplesmente uma questão de manter os dentes saudáveis. Uma nova pesquisa mostrou que, devido a uma mutação genética, as pessoas ruivas precisam de doses maiores de anestésico e muitas vezes são resistentes e analgésicos locais, reportou Tara Parker-Pope. Em consequência, os ruivos têm o dobro da probabilidade de evitar as consultas ao dentista do que pessoas com outras cores de cabelos.
"Por causa dessa resistência, muitos ruivos tiveram experiências ruins [no dentista]", disse Daniel I. Sessler, anestesista da Clínica Cleveland, a Parker- Pope. "Se eles forem ao dentista ou tiverem de fazer uma sutura em um corte, vão precisar de mais anestésico que as outras pessoas."


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