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Cantor volta às raízes do reggae
Por ROB KENNER
Nos 28 anos passados desde a morte de Bob Marley, o reggae tem procurado um novo
porta-estandarte. O cantor e compositor rastafari Tarrus Riley, 30, não é o
primeiro a candidatar-se ao papel, mas seu nome já vem sendo mencionado em
conjunto com os dos maiores astros do reggae.
Riley possui uma voz expressiva e imediatamente reconhecível, além de um dom
para criar letras e melodias que captam os altos e baixos da vida e do amor -o
bebê recém-nascido que não deixa seus pais dormirem, o marido que se queixa de
que os beijos de sua mulher esfriaram-, de uma maneira que é familiar para seu
público jamaicano e encontra eco no resto do mundo.
Riley tem personalidade persistentemente alegre e vive contando piadas, embora
leve seu trabalho a sério. Em entrevista por telefone, ele disse que sua missão
é "preservar nossa cultura" -ou seja, a música do reggae e a filosofia de Marcus
Garvey de poder negro que anda de par em par com ela.
O som dancehall que domina a música jamaicana há duas décadas vem se tornando
cada vez mais difícil de ser entendido pelo resto do mundo. Sem criticar o
dancehall, Tarrus Riley lidera um retorno ao reggae de raízes tradicionais.
Em julho, ele se apresentou no Reggae Sumfest, festival anual em Montego Bay,
Jamaica, com os maiores nomes do rhythm & blues e do hip-hop, além dos melhores
artistas locais de reggae. Apresentaram-se, entre outros, Ne-Yo, cujo single de
sucesso "Miss Independent" foi a faixa de backing do sucesso de dancehall
"Rampin' Shop", de Vybz Kartel e Spice, e, em apresentação conjunta, Damian (Jr.
Gong Marley), filho de Bob Marley, e o rapper americano Nas.
A conversa intercultural entre músicos americanos e jamaicanos vem acontecendo
há meio século, resultando, entre outras coisas, na criação do ska (pela
modificação do bebop americano) e do hip-hop (pelo transplante ao Bronx das
dances jamaicanas com sistema de som). Mas, à medida que essas inovações foram
virando categorias com presença no mercado, o reggae perdeu espaço nos EUA.
"Não gostamos de categorias", disse Riley. "Porque então há a separação e o
preconceito. Não aceito todas essas fronteiras, você entende? Gosto de fazer
música livre, só isso."
Nascido no Bronx (Nova York) e criado na Flórida e na Jamaica, Riley é filho do
cantor de reggae Jimmy Riley, que estourou nas paradas pop britânicas em 1982
com a balada "Love and Devotion".
Tarrus Riley, porém, gostava não apenas do reggae, mas também da música pop.
"Tudo me influencia", explicou. "Rock, R&B -a música influencia a música. Amo
todas as melodias, sejam quais forem."
À medida que foi amadurecendo, ele começou a fazer letras mais sensíveis,
criando o que descreve como "música em sua casa". "Minha garota disse 'por que
você não procura um emprego?'/ Ela me pergunta todo dia", ele canta na canção
nova "It Will Come". "Você diz que me ama muito / mas isso não coloca comida na
panela."
Mas seu amor pelo dancehall é tão forte quanto sua recusa em ser categorizado.
"Good Girl Gone Bad", primeiro single de seu novo álbum, "Contagious" (VP
Records), tem a participação do jovem D.J. Konshens.
É difícil unir o dividido cenário do reggae, mas talvez seja ainda mais difícil
conquistar um público mais amplo com o reggae tradicional. Tarrus Riley, porém,
não parece hesitar. "A gente não se liga realmente na dificuldade de nada,
sabe", disse. "Sou um homem que aceita os desafios. Estamos aqui para fazer
todos os tipos diferentes de música para todos os tipos diferentes de pessoas."
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