São Paulo, segunda-feira, 08 de fevereiro de 2010

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Visual à prova de balas conquista adepto

Por RUTH LA FERLA
O colete à prova de balas é a blindagem oculta de agentes antiterror, chefes de Estado e plutocratas paranoicos. Foi adotado também por dignitários de Hollywood e magnatas do hip-hop, enfatizando as personas rebeldes de artistas como o rapper 50 Cent.
Então pode ter sido só uma questão de tempo para que aspirantes a descolados adotassem o estilo como um distintivo "cool".
A maior demanda por trajes resistentes o suficiente para barrar um disparo de calibre 22 -mas elegantes o bastante para uma balada- sugere que a blindagem corporal não é só para quem preza a segurança.
"A tendência dos utensílios protetores está forte atualmente", disse Richard Geist, fundador da Uncle Sam's Army Navy Outfitters, em Manhattan. "Ela está em alta entre rappers, tipos alternativos e até algumas mulheres."
A Uncle Sam's vende utensílios de proteção a militares. Mas a maioria dos seus clientes é de civis que compram coletes à prova de balas por até US$ 1.000 ou levam versões sem o enchimento blindado (US$ 24). Reais ou fakes, "o 'look' é durão", afirmou Geist, "e os clientes adoram".
Durão o suficiente para levar o fascínio com o estilo militar a novos níveis de ferocidade. "Acrescentar um pouco de transgressão à moda torna as coisas bem mais interessantes", disse Jeremy Gutsche, editor da revista on-line "Trend Hunter".
Essa fúria extra parece ser a expressão inevitável, ainda que perturbadora, de uma mentalidade defensiva, intensificada por preocupações com o terrorismo e pela ansiedade decorrente da instabilidade econômica. "Quando as pessoas se sentem menos seguras, há mais demanda por blindagem", disse Nick Taylor, gerente do site BulletProofME, que vende utensílios táticos para zonas de guerra.
A venda de jaquetas, coletes e até mochilas com propriedades antibalísticas cresceu cerca de 20% em 2009, segundo Taylor, que tem recebido encomendas de corretores imobiliários envolvidos em ações de despejo e de balconistas de lojas de conveniência.
O empresário colombiano Miguel Caballero já vendeu casacos, ternos, jaquetas e blazers a clientes de primeiro escalão, como os presidentes Álvaro Uribe, da Colômbia, e Hugo Chávez, da Venezuela. Seus endinheirados consumidores encomendam jaquetas sob medida de couro italiano, capazes de barrar tiros de pistola (cerca de US$ 6.000), ou camisas polos que podem custar até US$ 4.000. Há um ano, Caballero inaugurou uma butique no México.
Desde os ataques de 11 de Setembro, "as imagens agressivas se tornaram parte do nosso ambiente urbano", disse Terrence Kelleman, dono da Dynomighty Design, que vende camisetas estampadas com a imagem de um colete à prova de balas. Kelleman admitiu que desenhou sua camiseta "como uma expressão dessa dura nova realidade".


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