São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009

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Holandês tenta resgatar magia do instantâneo

Por CARTER DOUGHERTY

ENSCHEDE, Holanda — Na pequena cidade holandesa de Enschede, perto da fronteira com a Alemanha, um grupo de cientistas holandeses e um vendedor austríaco têm se dedicado a reinventar uma das grandes invenções do século 20: o filme instantâneo da máquina fotográfica Polaroid.
As máquinas digitais são onipresentes, baratas e fáceis de usar —aliás, são essas as razões pelas quais a Polaroid parou de fabricar seu filme no ano passado—, de modo que o que este grupo em Enschede está tentando fazer pode parecer totalmente retrógrado.
Mas, para eles, a atração está exatamente nisso. Eles querem recriar um processo de produção superado, numa fábrica da Polaroid abandonada, porque acreditam que as pessoas ainda têm um lugar em seus corações para a fotografia à moda antiga, que não incluía retoques ou Photoshop.
“Este projeto visa construir um negócio interessante para durar pelo menos mais uma década”, disse Florian Kaps, empreendedor austríaco responsável pelo esforço. “Diz respeito à importância dos aspectos analógicos em um mundo cada vez mais digital.”
Os processos químicos e as próprias substâncias químicas terão que ser reinventados numa fábrica que, apesar de estar repleta de resquícios da época áurea do Polaroid, não possui os materiais necessários para reiniciar a produção.
Mas Florian Kaps está convencido de que ainda existe um mercado para os filmes Polaroid. Ele estima em 1 bilhão o número de máquinas fotográficas instantâneas Polaroid ainda em circulação. Esse número provavelmente é fantasioso, ou, no mínimo, inclui muitas máquinas que estão guardadas em porões. Mas em 2007 a fábrica de Enschede produziu 30 milhões de filmes para vendas em todo o mundo.
Kaps, 38, é Ph.D em biologia e vive em Viena. Ele tinha sido gerente de projeto na internet de um grupo dedicado à preservação da fotografia analógica. Em junho de 2008, esteve presente à cerimônia de fechamento da fábrica da Polaroid em Enschede.
Foi ali que ele conheceu André Bosman, gerente de engenharia da fábrica de Enschede. Bosman disse a Kaps que as máquinas para a produção dos cassetes de filmes Polaroid, cuja custo de substituição Bosman estima em cerca de US$ 130 milhões, ainda funcionavam, mas seriam jogadas fora em questão de dias. “Então começamos a falar de negócios”, contou Kaps.
A tarefa que eles têm pela frente é ressuscitar a produção do filme Polaroid instantâneo.
Infelizmente para Bosman, a própria Polaroid, no passado, fabricava os produtos químicos necessários para o processo. Por isso, Kaps e Bosman agora estão procurando ou reinventando produtos químicos capazes de imitar o que os da própria Polaroid faziam no passado. “Temos um total de cerca de 300 anos de experiência aqui”, disse Bosman, falando de sua equipe. “Essa é a chave para a reinvenção deste processo.”


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