São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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Liqüidações chegam à Quinta Avenida

Por CARA BUCKLEY

NOVA YORK - O vermelho está em toda parte na Quinta Avenida, em Manhattan. Ao longo do famoso espaço de compras, antes imune aos cartazes berrantes do desespero varejista, lojas de todos os tipos estão recorrendo a cartazes vermelhos de liqüidação para atrair os fregueses ariscos.
Assim como Warren Buffett acredita que esta é a hora para comprar ações, é também o momento ideal para abocanhar um suéter barato na Gap, uma das muitas lojas que, recentemente, oferecia descontos de 30% sobre todo seu estoque.
Para os consumidores que têm mais dinheiro ou mais crédito, há bons negócios nas lojas de luxo, embora seus balconistas -que se negaram a dar seus nomes- possam franzir a testa quando se menciona a palavra liqüidação.
Num domingo recente, um atendente da joalheria Paul Morelli na Bergdorf Goodman negou com a cabeça quando perguntado sobre descontos em toda a loja, apesar de uma pequena placa a 15 metros de distância avisar que artigos selecionados estavam com descontos de até 40%. Entre os itens "on sale" havia uma carteira vermelha de crocodilo de Nancy Gonzalez, cujo preço caiu de US$ 1.400 para US$ 980.
Na metade de novembro, balconistas da Prada e da Fendi admitiram discretamente sua previsão de que os descontos deste ano seriam maiores e começariam mais cedo. Em uma butique de luxo, uma atendente confirmou uma liqüidação fechada para clientes seletos, mas implorou que a notícia fosse mantida em segredo.
Em voz baixa, uma vendedora da Salvatore Ferragamo disse que a varejista de luxo pretende oferecer descontos de até 30% uma ou duas semanas antes do prazo normal. Ali perto, na Versace, um vendedor arqueou a sobrancelha quando perguntado se havia descontos.
"Todas as lojas estão cedendo mais cedo este ano", foi sua resposta evasiva. "Mas Donatella disse que os negócios estão indo fabulosamente bem." Por mero acaso, talvez, o vendedor e seus colegas pareciam ser as únicas pessoas na loja.
Enquanto relatos na imprensa falam de vendas mais fracas no varejo, e crescem as previsões de uma temporada natalina fraquíssima, lojas em todos os EUA estão oferecendo bons negócios, na esperança de estancar suas perdas e ganhar um pouco de impulso.
Mas os varejistas e os observadores do comércio dizem que chamam a atenção sobretudo as liqüidações na Quinta Avenida, onde elas geralmente se limitam aos fundos das lojas, não sendo anunciadas abertamente nas vitrines. Mesmo lojas mais luxuosas como Bloomingdale’s, Bergdorf Goodman e Salvatore Ferragamo estão reduzindo preços.
Marshal Cohen, analista chefe de varejo no grupo NPD, que monitora as vendas ao consumidor, disse que a Quinta Avenida era "tradicionalmente imune às liqüidações", mas que a economia enfraquecida e o fato de que "até mesmo as vendas movidas pelos turistas estão dando sinais de queda" significam que nada é sagrado. "A Quinta Avenida está ficando mais e mais parecida com qualquer shopping dos EUA", disse ela.
"Não é mais tão diferenciada quanto já foi."


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