São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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Mães se sacrificam para presentear filhos

Por STEPHANIE ROSENBLOOM

Quando o Natal chegar, a menina McKenna Hunt, da Flórida, ganhará a cozinha de brinquedo e a boneca que tanto quer. Mas sua mãe, Kristen Hunt, ficará sem os jeans de grife que cobiçava nesta temporada.
Para Kristen Hunt e milhões de outras mães nos EUA, este final de ano se tornou um momento de sacrifícios. Passando pela primeira fase de declínio econômico grave em suas vidas adultas, essas mulheres estão descobrindo que algo que antes faziam sem pensar duas vezes "presentear-se no final de ano" precisa ser preterido para não prejudicar as listas de desejos de seus filhos.
"Quero que ela possa olhar para trás e dizer ‘apesar de ter sido um tempo de dificuldades, minha mãe conseguiu me dar presentes’", declarou Hunt.
Com a economia em mau estado, quase todo o mundo está abrindo mão de supérfluos, e muitos pais farão sacrifícios neste ano para conseguir colocar brinquedos debaixo da árvore de Natal. Mas as cifras sugerem que o ônus está caindo sobretudo sobre as mulheres, especialmente sobre as mães.
Em setembro e outubro, as vendas de roupas femininas tiveram uma queda marcante em comparação com os mesmos meses do ano anterior. A queda foi de 18,2% em outubro, por exemplo, contra uma redução de 8,3% no caso das roupas masculinas, revelou o relatório SpendingPulse, da MasterCard Advisors.
E uma pesquisa de intenção de consumo da consultoria NPD sugere que essas reduções podem continuar durante a temporada de fim de ano.
Cerca de 61% das mães disseram que comprarão menos para elas mesmas neste ano, contra 56% de todas as mulheres e 45% dos homens.
A pesquisa sugere que as mães, mais que qualquer outro grupo, vão gastar menos dinheiro em geral e vão adiar a compra de bens de valor alto, como a lava-louças que Kristen Hunt almeja.
Gastar menos para beneficiar a família pode ser um sacrifício nobre por parte das mulheres. Mas é má notícia para o setor do varejo, que enfrenta problemas e depende fortemente das vendas de roupas femininas.
Reyne Rice, que estuda tendências para a Associação da Indústria de Brinquedos, diz que são as mães que fazem pelo menos 80% das compras de fim de ano das famílias e que, em recessões passadas, elas foram as primeiras a privar-se de comprar para elas. Elas tendem a não comprar um casaco novo para elas mesmas, disse Rice, para poderem comprar para seus filhos.
Analistas dizem que a atual diminuição nas compras de mulheres está entre as mais drásticas já vistas. "Você não pára de ouvir ‘paramos totalmente de fazer compras’", comentou John D. Morris, analista de varejo da Wachovia.
A recessão, segundo analistas, está sendo exacerbada pela moda pouco instigante vista nas lojas. E a ausência de pressão para seguir um estilo específico hoje em dia significa que as mulheres não são obrigadas a renovar seu guarda-roupa de trabalho.
Ao mesmo tempo em que restringem suas próprias compras, as mães estão procurando outras maneiras adicionais de reduzir o custo do Natal. Algumas estão utilizando ferramentas online para organizar reuniões com outras mães para trocar roupas, brinquedos, videogames e livros. Outras estão comprando DVDs e videogames ao atacado de lojas como a BJ’s Warehouse Club e então desmontando os conjuntos para criar presentes múltiplos.
As matriarcas de famílias grandes estão trazendo de volta a prática do amigo-secreto. Algumas mães combinaram com seus maridos e outros membros da família não dar presentes a ninguém a não ser as crianças.
Apesar desses esforços, muitas mães vão acabar limitando também os gastos com os filhos. A indústria de brinquedos tem historicamente sido mais imune do que outras às fases de declínio econômico, mas analistas prevêem que este ano também ela sofrerá os efeitos do arrocho. Isso pode se traduzir em menos brinquedos para as crianças, embora muitos pais se disponham a sacrificar-se para comprar ao filho um ou dois dos presentes que ele mais deseja.
"Embora os tempos estejam difíceis, a última coisa que os pais vão querer cortar do orçamento é o presente de Natal de seus filhos", disse Gerald L. Storch, presidente da Toys "R" Us. "Não estamos constatando resistência aos preços dos brinquedos mais procurados."


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