São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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Sensor ajuda a proteger idosos

Por JOHN LELAND

Muitos idosos que moram sós não estão realmente sozinhos. São assistidos por uma enxurrada de novas tecnologias projetadas para permitir que vivam independentemente e evitem as custosas idas a prontos-socorros e casas de repouso.
Bertha Branch, 78, descobriu o poder de um sistema chamado eNeighbor quando, certa noite, sofreu uma queda em seu apartamento, em Filadélfia. Estava sem seu pingente que aciona um alarme e não conseguia telefonar.
Um sensor sem fio sob a cama de Branch notou que ela havia se levantado. Detectores de movimento no quarto e no banheiro registraram que ela não havia deixado o local segundo seu padrão habitual e passaram a informação para uma central, motivando um telefonema na tentativa de perguntar se estava tudo bem.
Como ela não atendeu, mais ligações foram disparadas -para um vizinho, para o síndico do prédio e, finalmente, para o serviço de emergência, que despachou bombeiros para arrombar a porta.
Tecnologias como o eNeighbor chegam com a promessa de melhorar e baratear os cuidados com idosos, com apoio de grandes empresas como Intel e General Electric. Mas os equipamentos, que podem ser caros, permanecem em grande medida sem comprovação. E, como todas as tecnologias, esses equipamentos -que incluem sensores de movimento, detectores de consumo de comprimidos e instrumentos sem fio que transmitem dados sobre pressão arterial, peso, níveis de oxigênio e glicose- podem ter consequências indesejadas, substituindo o contato pessoal com médicos, enfermeiras e parentes por medições eletrônicas.
Branch, que sofre do coração e de diabetes, disse que não poderia viver sozinha sem o sistema, fabricado pela empresa Healthsense, de Minnesota. "Perdi uma amiga muito próxima recentemente", contou. "Ela também era diabética e caiu durante a noite. Não tinha os sensores. Entrou em coma." Branch disse que, sem os sensores, "provavelmente estaria morta".
O custo do sistema, fornecido graças a um programa com financiamento público, é de cerca de US$ 100 por mês, muito menos do que uma casa de repouso, onde o custo para os contribuintes pode superar os US$ 200 por dia. Nos dois anos desde que usa o sistema, Branch sofreu três quedas e ficou presa uma vez na banheira, sempre incapaz de pedir ajuda de outra forma.
"Individualmente, demonstramos que eles podem ser muito eficazes", disse Brent Ridge, professor-assistente de geriatria na Escola de Medicina Mount Sinai, em Nova York. "Mas até que sejam lançados em larga escala, simplesmente não se sabe."
Num programa com participação da Intel, Jeffrey Kaye, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, está vasculhando dados sobre movimentos em busca de padrões que indiquem a instalação da demência senil, anos antes que o declínio seja registrado em exames cognitivos.
Mas, até que haja mais pesquisa, o impacto das tecnologias continuará desconhecido. "Não é que precisemos de novas tecnologias", disse Kaye. "Precisamos usar o que temos de mais criativo. Tudo isso é muito legal -mas será útil?"


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