São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2010

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA: GADGETS

Aparelhos auxiliam pacientes cardíacos

Por GINA KOLATA
Helen Elzo recebeu um telefonema do consultório de seu médico, numa segunda-feira recente. Um aparelho implantado em seu coração não estava funcionando. Ela teria que ir ao hospital para que o aparelho fosse substituído.
No passado, Elzo, 73, que vive nos arredores de Tulsa, Oklahoma, poderia ter passado meses antes que o problema fosse descoberto em uma consulta de rotina.
Mas agora ela tem um desfibrilador novo que se comunica com seu médico, transmitindo sinais sobre suas funções vitais e enviando alarmes se algo dá errado.
Está no horizonte um aparelho ainda mais inteligente, que detecta deteriorações em diversas funções cardíacas e diz ao paciente como ajustar seus medicamentos.
Tudo isso faz parte de uma nova onda de aparelhos inteligentes implantados que vem transformando a assistência médica a doentes cardíacos e gerando uma abundância de informações para pesquisadores. A esperança é que os aparelhos, que estão sendo avaliados em testes clínicos, possam salvar vidas, reduzir despesas médicas e levar os pacientes cardíacos a administrar seus sintomas, mais ou menos como fazem os diabéticos.
"É como ter uma consulta médica diária e um check-up completo a cada semana", disse Leslie Saxon, cardiologista na Universidade do Sul da Califórnia.
O grande avanço se deu alguns anos atrás, quando fabricantes de aparelhos descobriram como criar transmissores que enviam dados por uma distância maior, de 8 m a 9 m. Com isso, Elzo não precisava mais esperar até que seu médico colocasse um receptor diretamente sobre seu coração.
Em vez disso, ela passou a simplesmente aproximar-se de uma caixinha, que é ligada a uma saída telefônica perto de sua cama. Uma vez por semana ela também mede seu peso e pressão sanguínea -indicadores-chave de problemas cardíacos-, e essas informações são transmitidas a seu médico. Se ocorrem problemas, a máquina alerta o médico.
"Agora, o aparelho é consultado todos os dias", disse o médico de Elzo, James Coman, do Instituto de Frequência Cardíaca, em Tulsa. "É uma ferramenta sensacional."
Mas existe um aspecto negativo: "A sobrecarga de informações é um problema muito sério" para os médicos, disse Lynne Warner Stevenson, diretora do Programa de Falência Cardíaca do Hospital Brigham and Women's, em Boston. Mais informações nem sempre são benéficas, avisou a médica.
Para os pesquisadores, a enxurrada de informações gera um problema diferente: como analisá-las. No passado, um grande teste clínico de um aparelho cardíaco podia envolver entre mil e 2.000 pacientes. Agora, a Boston Scientific, fabricante de um dos aparelhos cardíacos inteligentes, está acompanhando 400 mil pacientes.
"Nunca antes ninguém fez uma pesquisa como esta", disse Saxon, que lidera uma equipe independente de cientistas que supervisiona a pesquisa da Boston Scientific.
O grupo de Saxon já enviou relatórios sobre os primeiros 90 mil pacientes. Metade deles não recebeu monitoramento remoto e atuou como grupo de controle.
Saxon relatou que os pacientes cujos médicos acompanharam os dados sobreviveram entre 5% e 15% mais tempo que os pacientes em testes clínicos anteriores dos aparelhos. E, em um artigo que está sob revisão, o grupo relata que sua sobrevivência ao longo de três anos foi significativamente maior que a dos pacientes no estudo cujos médicos não acompanharam os dados.
Outros pesquisadores analisarão dados econômicos. Os aparelhos custam até US$ 30 mil. Será que pacientes com desfibriladores recuperam parte desse custo com o número menor de consultas?
Um estudo feito com um aparelho semelhante, produzido pela Medtronic, sugere que esse seja o caso. O estudo Medtronic, dirigido por George Crossley, presidente do setor St. Thomas Heart do Hospital Batista de Nashville, Tennessee, abrangeu 2.000 pacientes que receberam desfibriladores de maneira aleatória, sendo que alguns dos aparelhos transmitiam dados a um médico.
Os pacientes cujos aparelhos transmitiam dados passavam menos tempo, em média, no hospital quando eram internados, e seus custos hospitalares eram US$ 1.600 mais baixos por internação.
Os pacientes cujos médicos conseguem processar o fluxo de dados vindo dos aparelhos inteligentes dizem que estão tendo paz de espírito.
Entre eles há pessoas como Danielle Denlein, que desenvolveu um problema cardíaco sério em 2008.Hoje ela depende de seu desfibrilador inteligente para salvá-la dos efeitos de seu coração lesionado e para alertar sua médica sobre possíveis problemas. "Isso mudou minha vida", disse. "Me transmite uma sensação de segurança."


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