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Bolsa de NY encolhe ante aumento de transações de mercados rivais
Por GRAHAM BOWLEY
A Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) foi fundada há 217 anos sob um plátano em
Wall Street e, durante quase todos os anos desde então, foi o maior templo do
capitalismo americano.
Por trás de sua fachada em estilo greco-romano, corretores promoviam uma
balbúrdia dantesca na busca diária pelo todo-poderoso dólar. Em épocas boas ou
ruins, a ação diária em seu cavernoso pregão fez da chamada Big Board o maior
mercado mundial de ações. Mas, agora, a NYSE e sua cidade natal estão
enfrentando uma realidade perturbadora: a Big Board, coração simbólico da
indústria financeira de Nova York, está encolhendo.
Rivais jovens e ágeis estão dividindo seu mercado público e criando mercados
privados que, dizem críticos, conferem aos grandes bancos e fundos de
investimentos uma vantagem sobre os investidores comuns.
Alguns dos novos locais de compra e venda de ações -"dark pools", ou "poços
escuros", como são chamados no setor- são quase invisíveis, mesmo para
reguladores. Esses mercados possibilitam a negociantes comprar e vender grandes
blocos de ações em segredo e com rapidez, prática que vem atraindo o escrutínio
da Comissão de Valores Mobiliários (SEC).
Esses pregões novos são totalmente diferentes da Big Board tradicional, que luta
para funcionar como corporação com fins lucrativos após séculos em que foi
propriedade de membros com direito a assentos no conselho. No ano passado, sua
empresa mãe, a NYSE Euronext, teve perdas de US$ 740 milhões.
O julgamento de Wall Street foi rápido e brutal. Desde janeiro de 2007, o preço
da ação da NYSE Euronext perdeu quase 75% de seu valor, embora as transações com
ações tenham aumentado muito como um todo.
Ao mesmo tempo em que a NYSE tem estado sob ataque desde o início da década, seu
declínio se acelerou nos últimos anos, concomitantemente com a chegada de
concorrentes agressivos. Hoje, 36% das transações diárias com ações listadas na
Bolsa de Nova York são de fato executadas na Bolsa, contra cerca de 75% há
quatro anos. O restante é feito em outros lugares, em novas Bolsas eletrônicas
ou via "poços escuros".
A velha Big Board estava longe de ser perfeita. Seus corretores do pregão -que
ocupam um nicho privilegiado e potencialmente lucrativo, intermediando entre
compradores e vendedores- em algumas instâncias enriqueceram às custas de seus
clientes.
Mas as mudanças verificadas no salão nobre do NYSE são espantosas. Durante
décadas, a Bolsa de Nova York foi o tipo de lugar no qual filhos seguiam o
caminho de seus pais, indo trabalhar no pregão. Nos últimos cinco anos, porém,
metade dos empregos no pregão deixou de existir. Muitos dos cerca de 1.200
corretores remanescentes se retiram em silêncio para diante de seus computadores
assim que o sino toca para assinalar a abertura do pregão, às 9h30 de cada
manhã.
A Big Board foi forçada a fechar 1 de seus 5 pregões e repovoou dois outros com
negócios da Bolsa de Valores Americana (Amex), que a NYSE Euronext adquiriu no
ano passado. Seu salão nobre -inaugurado em 1903- às vezes parece ser pouco mais
do que um pano de fundo para as transmissões do canal de notícias CNBC.
"A coisa não tem sido bonita de se ver", disse Benn Steil, do Conselho de
Relações Exteriores em Nova York. "Todas as grandes Bolsas tradicionais no mundo
vêm passando pelo mesmo fenômeno, mas a que apanhou mais foi a Bolsa de Nova
York."
É um revés surpreendente para a Bolsa de Valores e para a própria Nova York. A
cidade, no passado a indiscutível capital do dinheiro, hoje luta para conservar
sua hegemonia no mundo financeiro, enquanto a indústria financeira se globaliza.
A Big Board diz que está lutando contra as mudanças -e que seu híbrido de
computadores e corretores humanos conseguirá derrotar os novos rivais. A Bolsa
reduziu suas comissões e desenvolveu sua própria Bolsa puramente eletrônica,
Arca, em Chicago. A Arca capturou até agora cerca de 11% do mercado das ações
listadas na Big Board e está conquistando negócios em áreas como a dos
derivativos.
"O que acontece aqui é uma reinvenção", disse Lawrence Leibowitz, diretor da
NYSE Euronext. "Como vamos fazer esta instituição avançar no século 21?"
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