São Paulo, segunda-feira, 09 de novembro de 2009

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Estúdios de Hollywood buscam vida pós-DVD

Por BROOKS BARNES

LOS ANGELES - Desesperados para fazer suas divisões de "home entertainment" voltarem a crescer, os estúdios de cinema trabalham a todo vapor para definir como será o mundo pós-DVD.
Até recentemente, a maioria dos pesos-pesados de Hollywood relutava em falar abertamente sobre o potencial do entretenimento digital -ou seja, o "download" de filmes e programas de TV em computadores, televisores capacitados para navegar na internet e conteúdo para aparelhos móveis, como celulares. Ninguém queria incorrer na ira de parceiros varejistas, como Walmart, ou fazer qualquer coisa que pudesse afetar os lucros obtidos com DVDs.
Mas as tendências vêm mudando. DVD e Blu-Ray vão continuar a gerar lucros por anos ainda, mas os estúdios estão finalmente encarando uma realidade incômoda: que -seja por conveniência, preço ou porque os consumidores se cansarão deles- os pequenos discos prateados talvez nunca recuperem seu poder de venda. Para crescer, os estúdios precisam descobrir como fazer a distribuição digital de seus produtos.
A Disney anunciou recentemente seu sistema para rastrear a propriedade digital, para que o consumidor não precise comprar o mesmo filme ou programa de TV várias vezes para assistir em diferentes aparelhos. Mas essa é apenas a abordagem mais recente, e é provável que não seja a última.
"Prevejo que eles tentarão muitas maneiras diferentes até chegar a uma solução satisfatória para o entretenimento digital", disse Doug Creutz, analista de mídia.
Todos tentam solucionar um problema: que os consumidores, acredita a indústria, relutarão em pagar por filmes e programas de TV digitais enquanto não tiverem a garantia de mais portabilidade e não puderem assistir aos mesmos conteúdos em aparelhos diferentes. Os estúdios querem levar os consumidores a colecionar entretenimento digital, assim como colecionam DVDs ou livros.
As divisões de "home entertainment" dos estúdios geraram cerca de US$ 4 bilhões no terceiro trimestre deste ano, queda de 3,2% em relação ao mesmo período de 2008, revelou o Digital Entertainment Group, que reúne empresas do setor. Mas a distribuição digital contribuiu para esse montante com US$ 420 milhões, aumento de 18%.
Os obstáculos são os de natureza tecnológica -como fazer para que os consumidores possam assistir a um vídeo em diversos aparelhos sem, ao mesmo tempo, permitir que o compartilhem com 10 mil amigos íntimos num site pirata- e a relutância dos estúdios em cooperar estreitamente com rivais.
Nas próximas semanas, a Disney vai lançar seu novo sistema de rastreamento de propriedade digital, o Keychest. O sistema vai permitir que os consumidores comprem acesso permanente a entretenimento digital -um filme específico, por exemplo, que poderá ser visto sob demanda em computadores, celulares e serviços de cabo. Analistas especulam que a Apple pode associar-se à Disney nesse sistema.
Um consórcio de estúdios de cinema (basicamente, todos menos a Disney) se associou a empresas como Comcast e Intel para apostar numa estratégia diferente. Chamada de Digital Entertainment Content Ecosystem (Ecossistema de Conteúdo Digital de Entretenimento), ou DECE, a iniciativa requer a definição de um conjunto comum de padrões e formatos.
Mitch Singer, executivo-chefe de tecnologia da Sony Pictures, que lidera o esforço do DECE, disse que é injusto opor o Keychest ao DECE. "Estamos todos indo na mesma direção", disse. "Tentamos oferecer aos consumidores mais opções e facilidade de uso na compra de entretenimento digital."
E há outras ideias sendo aventadas. Jeffrey L. Bewkes, executivo-chefe da Time Warner, está promovendo a chamada TV Everywhere, que visa oferecer aos consumidores uma gama imensa de conteúdos de TV on-line e em aparelhos diversos -desde que sejam assinantes de TV a cabo. E há ainda a competição de entretenimento digital de empresas como Apple, Amazon e Netflix.
Como sempre, é grande a pressão para ser o primeiro a propor um novo sistema. "A última coisa que os estúdios querem é que uma terceira parte proponha uma solução, porque essa terceira parte ficaria com uma fatia grande da receita", disse o analista Creutz.
Os estúdios também estão prestando atenção às previsões sobre a adoção frequente pelos consumidores de eletrônicos que permitem assistir a vídeos. "Com o crescimento importante previsto para o quarto trimestre deste ano na penetração de televisores e consoles conectados à web, a demanda de consumo digital de filmes parece promissora", disse Thomas Lesinski, presidente da Paramount Digital Entertainment.


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