São Paulo, segunda-feira, 09 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTE & ESTILO

Vocalista dos Strokes ruma em direção ao sol

Por MELENA RYZIK

Julian Casablancas, salvador do rock'n'roll debochado de Nova York, agora está sóbrio e vive em Los Angeles. O líder da banda Strokes, que há pouco tempo era visto tropeçando de volta para casa saindo de bares de Manhattan, agora está alugando a uma casa em estilo espanhol.
"É divertido", ele disse em uma recente visita a Nova York. "Los Angeles é muito descontraída. Se você estiver no lugar certo, pode caminhar e não precisa de carro. E é muito mais fácil fazer uma alimentação saudável. E o clima!"
A medida é temporária -provavelmente-, mas emblemática das mudanças em sua vida nos últimos anos: de astro do rock que levava uma vida selvagem a um artista estável e homem de família, enquanto ele e sua mulher, Juliet, esperam o primeiro filho. Neste mês, seu primeiro disco solo, "Phrazes for the Young", será lançado pela Cult Records/RCA. Cult é seu próprio selo autofinanciado e recém-lançado. Ele escreveu e arranjou todas as músicas e tocou a maior parte delas. Em Los Angeles, está montando uma banda e preparando uma turnê.
"Com esse disco, o objetivo é tentar pegar uma música bacana do tipo underground e tentar torná-la popular de alguma maneira", disse Casablancas, 31. Longe do estranhamento dos discos dos Strokes, "Phrazes" parece bem ajustado. "Sou um cara feliz", disse. Mas acrescentou: "Nunca quis fazer um disco solo, para ser franco. Só senti que não tinha opção".
Quando os Strokes lançaram seu álbum de estreia, "Is This It", em 2001, foram saudados como um ponto de reunião urbano -hinos do homem comum do cenário independente. Esse peso cultural foi uma carga e tanto para cinco rapazes melancólicos que estudavam em escola particular em Nova York. Cerca da metade de seu público-alvo os criticou fortemente por falta de autenticidade.
O grupo reagiu de maneira blasée: com noites de embriaguez, brigas com celebridades, comportando-se como os astros do rock-bebês que eram. Questionado sobre esses primeiros tempos, o empresário dos Strokes, Ryan Gentles, disse que o sucesso "aconteceu depressa".
"Is This It" foi disco de platina, mas os seguintes -"Room on Fire" (2003) e "First Impressions of Earth" (2006)- foram recebidos com desdém, e cada um deles vendeu a metade do anterior. E o grupo disputava o controle criativo; estava tudo com Casablancas. Apesar de ele ser casado e ter deixado de beber em "First Impressions", a exaustão era evidente. "Não tenho nada a dizer", ele cantava em "Ask Me Anything". "Não tenho nada para dar."
Enquanto ele se debatia, seus colegas de banda trabalhavam em projetos solo e formavam grupos paralelos; vários também se casaram ou começaram famílias.
Após uma turnê no Japão com "First Impressions", os Strokes anunciaram uma ruptura, e Casablancas se retraiu. "Fiquei meio quebrado durante mais ou menos seis meses", disse. "Hoje, pela primeira vez, não me sinto enforcado."
Apesar de uma criação privilegiada -seu pai, John Casablancas, fundou a agência de modelos Elite; sua mãe, Jeanette Christiansen, foi modelo; e ele também foi muito influenciado por seu padrasto, o artista Sam Adoquei-, Casablancas era discreto. Mas também workaholic e perfeccionista.
Casablancas espera que esse controle solo lhe permita ficar em paz com sua banda. "Com os Strokes, eu costumava cuidar de todos os detalhes, e agora só quero que todo o mundo se dê bem", disse. "Agora eu posso cuidar dos detalhes sem ter de discutir -não discutir, mas você sabe o que eu quero dizer. Ceder." Independentemente se sua estreia solo "fracassar ou não", ele disse, "sempre farei coisas dos Strokes".


Texto Anterior: Antes de casar, discuta suas finanças

Próximo Texto: A volta do rei dos retalhos

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.