São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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DAVID SEGAL - ENSAIO

A vida está complicada

SENHORAS E SENHORES, o estado da União é confuso nos EUA.
A Grande Recessão e as guerras no Iraque e no Afeganistão, possivelmente os problemas mais difíceis que enfrentamos em várias décadas, são no mínimo espetacularmente complicados. Tentar resolver esses quebra-cabeças é como se deparar com uma geringonça caseira que misteriosamente evoluiu para algo que nem seus criadores conseguem mais entender, quanto menos operar e desmontar. Tem manual de instruções para esse troço? Dá para tirar da tomada? Se descobrirmos de onde ele tira combustível, podemos fazê-lo secar e torcer para que expire?
Veja a apresentação de PowerPoint dos militares americanos para a Guerra do Afeganistão, um labirinto de flechas e linhas trançadas girando em torno de palavras como insurgentes e capacidade e prioridades da coalizão, que deveria servir para retratar a complexidade da estratégia militar americana. Quando entendermos este slide, disse o general Stanley McChrystal, comandante das tropas de EUA e Otan no Afeganistão, teremos vencido a guerra.
Ao mesmo tempo, estamos aprendendo mais sobre os instrumentos financeiros que causaram nosso colapso econômico, e agora está claro que exótico, o adjetivo favorito, não é suficiente. As obrigações sintéticas de dívida colateralizada são impenetráveis em seu propósito, construídas para uma máxima opacidade. Elas são também mistérios letais para empresas como a seguradora AIG, supostamente especializada em avaliar riscos. A AIG precisou de US$ 85 bilhões em empréstimos do governo para não quebrar.


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