São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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ENSAIO - MICHAEL CIEPLY

Laboratórios são polo de inovação no cinema

LOS ANGELES - No final dos anos 80, os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento no setor do cinema com frequência ocorriam em sessões descritas por alguns como "o acampamento de um dia sem fim da Disney".
Executivos do departamento de cinema da Walt Disney, na época comandado por Jeffrey Katzenberg, às ficavam dentro de uma sala de conferências das 9h às 18h, discutindo ideias para filmes como "Cocktail".
"A gente ficava lá propondo ideias e esperava para ver o que seria aceito", recordou o produtor Peter McAlevey, ex-executivo da Disney.
Desde então, o trabalho de pesquisas e desenvolvimento em Hollywood se sofisticou -mas não sem dificuldades.
À medida que os filmes se tornam mais complexos e mais movidos pela tecnologia, alguns estúdios tentam superar seus hábitos de trabalho conservadores para se engajar em reflexões sistemáticas sobre o eterno desafio que o setor enfrenta: qual será a próxima novidade?
Nos últimos meses, por exemplo, a Sony Pictures criou um novo centro de tecnologia 3D cujo objetivo é formar e inspirar futuros especialistas no entretenimento tridimensional, quer seja produzido pela Sony ou não.
Com sorte, o centro se sairá melhor que o centro de TV de alta definição da Sony, fechado em 2001 depois de seus especialistas em vídeo terem tentado compartilhar seus conhecimentos com um mundo de produção cinematográfica que, nos anos 1990, ainda não estava preparado para a revolução digital.
Mas será que um esforço concentrado de pesquisa e desenvolvimento, semelhante aos que movem as empresas de biotecnologia, pode transformar o cinema? No último meio ano, é claro, essa hipótese foi confirmada por James Cameron e "Avatar".
O filme chegou aos cinemas após cerca de 15 anos de pesquisas interligadas em tecnologia de vídeo e desenvolvimento de histórias. "Avatar" criou um novo universo cinematográfico e rendeu US$ 2,7 bilhões em vendas mundiais de ingressos.
Entretanto, apesar de todo o apoio que recebeu da 20th Century Fox e outros, Cameron financiou a maior parte de seu trabalho de pesquisa e desenvolvimento com recursos próprios.
O que mais se aproxima de pesquisas profundas na área da indústria do cinema é provavelmente o que está acontecendo na Universidade do Sul da Califórnia. Ali, a Escola de Artes Cinematográficas -com patrocínio de George Lucas, ao lado de pessoas e empresas como Robert Zemeckis, Fox, Sony e Electronic Arts- se converteu em um centro de formação transmídia. Ela tem um pendor especial pelo tipo de experimento que estúdios de cinema costumam evitar.
"Podemos nos dar ao luxo de fazer um processo de tentativa e erro, algo com que os estúdios não podem arcar", disse Elizabeth M. Daley, diretora da escola de cinema, sobre pesquisas que podem acabar levando o cinema por caminhos que ninguém imagina que ele vá percorrer.


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