São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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EUA debatem obesidade na 1ª infância


Evidências sugerem que a prevenção deve começar cedo

Por RONI CARYN RABIN
Cada vez mais evidências apontam para eventos cruciais em fase muito precoce da vida -na primeira infância ou até durante a gestação- que podem colocar crianças em uma trajetória de obesidade que se torna difícil reverter. As evidências não são irrefutáveis, mas sugerem que esforços de prevenção devem começar cedo.
Eis algumas das descobertas: aquele bebê que parece um anjinho rechonchudo pode estar crescendo demais para seu próprio bem. E bebês que dormem menos de 12 horas por dia correm risco maior de obesidade em fase posterior da vida. Se não dormirem o suficiente e, além disso, assistirem a duas horas ou mais de TV por dia, o risco se tornará ainda maior.
Algumas intervenções precoces já têm sido praticadas. Médicos recomendam que mulheres obesas percam peso antes da gravidez em vez de depois dela, para reduzir o risco de seus filhos sofrerem de obesidade e diabetes. O aleitamento materno também é recomendado para minimizar o risco de obesidade.
Mas, até agora, evitou-se aplicar restrições de peso ou dieta a crianças pequenas. "Antigamente era tabu classificar uma criança de menos de cinco anos como tendo sobrepeso ou obesidade. Pensava-se que isso seria estigmatizante demais", disse Elsie Taveras, da Escola Médica Harvard.
As novas evidências "levantam a questão de se as políticas que temos seguido nos últimos dez anos são suficientes", disse Taveras. "Isso não significa que sejam erradas: obviamente, é importante aumentar o acesso à alimentação saudável nas escolas e aumentar as oportunidades de exercício físico. Mas é possível que [isso] não tenha sido suficiente."
Boa parte das evidências vem de um estudo de Harvard comandado por Matthew Gillman, que tem acompanhado mais de 2.000 mulheres e bebês desde a gestação.
Uma em cada dez crianças de até dois anos nos EUA apresenta sobrepeso, e a obesidade infantil é um problema crescente no mundo desenvolvido. A porcentagem de crianças americanas de dois a cinco anos de idade que são obesas subiu de 5% em 1980 para 12,4% em 2006. No entanto, a maioria dos programas de prevenção evita intervir em idade muito precoce, em parte porque o sistema escolar americano oferece uma maneira eficiente de alcançar grande número de crianças e em parte porque a incidência de obesidade entre adolescentes é ainda mais alta: 18%.
As coisas estão começando a mudar. No final do ano passado, um comitê de estudos do Instituto de Medicina foi, pela primeira vez, encarregado de desenvolver recomendações de prevenção de obesidade para crianças de zero a cinco anos. O estudo vai analisar o papel dos padrões de sono e de alimentação na primeira infância, além da atividade física das crianças.
"Todo o mundo tem apontado para esse período precoce e dito que a impressão é de que algo está acontecendo, com efeitos de longa duração", disse Leann L. Birch, que lidera o comitê.


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