São Paulo, segunda-feira, 10 de agosto de 2009

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A vida vista através de uma câmera de celular

Por RUTH LA FERLA

Justin Giunta pensa em sua câmera-fone como uma espécie de apêndice. "É como uma extensão da minha pálpebra", disse Giunta, que é designer de joias. Ele a usa para discretamente fazer retratos clássicos, que gosta de justapor a imagens de publicidade contemporânea.
Usar seu equipamento, em geral um iPhone, "é uma maneira de fazer o espectador enxergar o modo como eu vejo a cidade", ele disse. E uma maneira de gravar cores, formas e texturas que se filtram em seus desenhos.
Dois de seus retratos, um detalhe de uma esfinge de Modigliani, tirado no Metropolitan Museum of Art, de Nova York, e outro de um outdoor, tirado em uma plataforma de metrô, foram expostos recentemente em Manhattan, como parte de uma mostra concebida para lançar a câmera-fone Exilim Mobile da Casio.
Para salientar o que, segundo a empresa, são as capacidades avançadas do aparelho, ele foi dado a 14 artistas, que registraram uma semana de suas vidas. O conceito não é original: fotógrafos como Philip-Lorca diCorcia já realizaram esses atos promocionais no passado.
A atração do projeto é que ele salienta a ascensão da câmera-fone como um totem de modernidade. Matthew Kristall, Danielle Levitt e Ricky Powell estão entre os que adotaram o pequeno dispositivo como meio de expressão espontâneo, mesmo que não seja dos mais refinados.
As imperfeições das imagens fazem parte de seu encanto. "Elas lembram um pouco as Polaroids, porque são pequenas e meio brilhantes", disse o curador Vince Aletti. Mas James Danziger, da galeria Danziger Project, duvida que as imagens de câmera-fones possam ter o mesmo mérito que a arte. "Elas são mais interessantes em uma situação jornalística", ele disse.
Cass Bird, cujos retratos de amigos e celebridades com iluminação etérea também participaram da exposição, disse que suas imagens preferidas "são momentos íntimos, que você provavelmente perderia se tivesse de usar uma câmera convencional".
Para os estilistas de moda, a câmera-fone tem um apelo prático. Chrissie Miller, estilista de roupas esportivas cujos retratos de Lindsay Lohan e outros estavam na exposição, descartou o quadro de recortes convencional em favor de imagens de câmera-fone, que ela carrega em seu computador.
Quando precisa de uma ajuda criativa, "eu apenas olho para a tela", ela disse. Ela compartilha as preocupações de seus colegas que se autodocumentam na moda. "Eu não quis fazer nada artístico", disse Miller. "Apenas quis que estas fotos fossem um instantâneo real da minha vida."


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