São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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LENTE

Expondo uma divisão entre gerações

O avanço para a hegemonia global do Facebook (500 milhões de usuários, e o número não para de crescer) entre as redes sociais online é indiscutível. "The Social Network", filme sobre sua fundação, em 2003, na Universidade Harvard, também parece estar a caminho de tornar-se um marco cultural. A visão que cada um tem do filme e da utilidade de fazer amigos na internet é algo que sofre a influência da idade.
"Quando você conversa com as pessoas, é como se tivessem assistido a dois filmes distintos", disse ao "New York Times" um dos produtores do filme, Scott Rudin. Aludindo ao retrato pintado do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, no filme, Rudin disse: "O público mais velho vê Zuckerberg como figura trágica que sai do filme menor do que era no começo, enquanto os jovens parecem enxergá-lo como se tivesse saído engrandecido, um verdadeiro astro do rock, alguém que fez o que era preciso para proteger a coisa que tinha criado."
"The Social Network", que estreou nos EUA em 1° de outubro e será lançado no resto do mundo ainda neste mês, pinta um retrato pouco lisonjeiro de Zuckerberg, retrato que, observam algumas pessoas, é fictício.
"Pessoas mais velhas me perguntaram inúmeras vezes como pude representar um personagem que é capaz de ser tão mesquinho e insensível", disse ao "Times" Jesse Eisenberg, o ator que fez o papel de Zuckerberg.
"Para muitas pessoas de minha idade" -Eisenberg tem 26 anos, a mesma idade de Zuckerberg-, "a mensagem é que a tecnologia capacita você a criar algo que pode mudar as coisas, a partir de um computador", acrescentou o ator. "Você não precisa de secretária, escritório ou funcionários."
Talvez, você tampouco precise de amigos.
Na resenha do filme que escreveu para o "Times", A.O. Scott descreveu o clima de "The Social Network" como "sombrio, sinistro e paranóico", formando um contraste acentuado com a comunidade bem-humorada que a empresa gosta de projetar. A versão cinematográfica de Zuckerberg encarna "o paradoxo de uma solidão profunda em meio a um mundo de amizades", escreveu Scott, porque o personagem "não entende realmente como se fazem amigos".
A divisão entre gerações exposta pelo filme reflete a disposição das pessoas mais jovens em compartilhar informações pessoais suas na internet, enquanto as pessoas mais velhas tendem a ser mais reservadas online.
E a privacidade vem sendo uma área na qual o Facebook vem tropeçando, desagradando a seus usuários. A assessora mais próxima a Zuckerberg, Sheryl Sandberg, executiva operacional chefe do Facebook, reconheceu os tropeços. Para alguns críticos, o problema é principalmente a confusão gerada pelas configurações de privacidade do Facebook. Eles afirmam que a empresa colhe de seus usuários um tesouro de informações pessoais com os quais ajuda empresas vendedoras a sintonizar suas mensagens publicitárias com precisão.
"Temo que Sandberg não esteja garantindo a supervisão adulta que o Facebook requer", disse ao "Times" Jeff Chester, diretor-executivo de um grupo de defesa digital com sede em Washington.
De acordo com a maioria dos relatos, Zuckerberg crê que sua missão é construir uma internet aberta, na qual as informações pessoais sejam transparentes, e os relacionamentos fiquem expostos, embora ele próprio seja descrito como cauteloso e protetor de sua própria privacidade. Agora que alguns momentos menos lisonjeiros de sua vida anterior foram expostos, ele afirma ter aprendido a lição.
Como ele disse em uma entrevista: "Se você pretende construir um serviço que é influente e do qual muitas pessoas dependem, você precisa ser maduro, certo?" TOM BRADY


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