São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ossos criados por engenharia têm muitas implicações

Por ANNE EISENBERG

Se um namorado parte seu coração, o órgão não poderá ser consertado por engenheiros de tecidos humanos. Mas, se um de seus ossos se partir, cientistas talvez possam cultivar um osso substituto, feito sob medida.
A professora de engenharia biomédica Gordana Vunjak-Novakovic, da Universidade Columbia, em Nova York, solucionou um dos muitos problemas que se interpõem no caminho para os implantes ósseos bem-sucedidos: como cultivar ossos novos no formato anatômico do osso original.
Vunjak-Novakovic e sua equipe de pesquisadores criaram e nutriram dois ossos pequenos desde o zero em seu laboratório. Os novos ossos, que fazem parte de uma articulação na parte posterior do maxilar, foram criados com células-tronco humanas.
Ossos criados por engenharia de tecidos têm muitas implicações, disse Charles A. Vacanti, diretor dos laboratórios de engenharia de tecidos e medicina regenerativa do Hospital Brigham and Women, em Boston. Ele não tem ligação com o trabalho feito pela Universidade Columbia.
"Se seu equipamento de imageamento tem resolução suficientemente alta, você pode construir virtualmente qualquer forma complexa que quiser -por exemplo, o osso da orelha média, criando uma duplicata exata", disse ele.
Ossos criados por engenharia de tecidos estão sendo testados em animais e pessoas e podem se tornar comuns em salas de cirurgia dentro de uma década, disse Rosemarie Hunziker, do Instituto de Imageamento Biomédico e Bioengenharia dos EUA.
"É um campo que está atraindo muito interesse de investidores", disse Robert Langer, professor do Instituto Massachusetts de Tecnologia. Langer tem mais de 750 pacientes já encaminhados ou com encaminhamento pendente nos sistemas de entrega de engenharia de tecidos e drogas.
Scott Hollister, professor da Universidade do Michigan em Ann Arbor, é cofundador da Tissue Regeneration Systems, empresa que está comercializando uma tecnologia em desenvolvimento para a reconstrução esqueletal de rosto, coluna dorsal e extremidades.
Vunjak-Novakovic, que encaminhou um pedido de registro de patente por meio da Universidade Columbia, disse que seu trabalho tem atraído interesse considerável de investidores, mas que ainda é cedo para falar em aplicações comerciais.
"Estamos iniciando estudos com animais grandes, que vão determinar a segurança e viabilidade do trabalho, antes da comercialização", disse ela.
Vunjak-Novakovic, Warren Grayson e outros membros da equipe usaram imagens digitais da articulação para guiar uma máquina que esculpiu uma réplica tridimensional, chamada armação, a partir de material ósseo higienizado.
A equipe converteu a armação nua em tecido vivo, colocando-a dentro de uma câmara moldada em sua forma exata e acrescentando células humanas isoladas de medula óssea ou gordura retirada por lipoaspiração.
Oxigênio, hormônios, açúcar e outros nutrientes foram injetados na câmara, ou biorreator, para que o osso crescesse. "As células crescem rapidamente", disse Vunjak-Novakovic. "Elas não sabem se estão no corpo ou em uma cultura -apenas captam os sinais."


Texto Anterior: Ciência ajuda artistas a retratar o passado
Próximo Texto: Estudo tenta decifrar nosso gosto pela ficção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.