São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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TENDÊNCIAS MUNDIAIS

Recifes de corais estão sumindo

Por JOHN COLLINS RUDOLF
A palidez assustadora está dominando os recifes de corais do mundo inteiro. Essa falta de cor ocorre quando os corais em temperatura acima do normal expulsam as algas dispostas neles, organismos responsáveis por sua coloração brilhante e bonita. A morte, nesses casos, ocorre.
Os recifes estão sob risco de extinção por causa das práticas destrutivas da pesca, da explosão dos corais, do turismo predatório e do desenvolvimento das áreas costeiras. Por fim, os cientistas dizem que o aquecimento global está acelerando a destruição. Um dos mais graves episódios de descoramento de corais começou na última primavera e no último verão e afetou recifes das águas tropicais.
"No Panamá, o descoramento foi o maior visto em toda a história", disse Nancy Knowlton, uma bióloga da Instituição Smithsonian. "Tudo ficou branco".
Estudos preliminares indicam que o impacto será o mais nocivo desde o único descoramento em nível mundial conhecido, ocorrido nos anos 1998 e 1999, quando mais de 10% dos corais de águas rasas foram mortos pelo calor. Três quartos dos recifes do planeta estão sob risco de degradação séria, de acordo com o Instituto Global de Pesquisas. Outra análise, elaborada pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Corais, descobriu que um quinto dos recifes mundiais foi prejudicado a ponto de ser praticamente impossível reconhecê-lo.
No meio do século, quase todos os recifes correrão risco, temem os cientistas, não somente de ameaças locais ou da ameaça chamada aquecimento global, mas do aumento da acidificação do oceano, o que derruba o nível de pH encontrado nos mares.
Um novo estudo oferece algumas das evidências mais fortes sobre a relação entre emissões de carbono e danos aos recifes. O estudo examinou corais localizados na costa de Papua Nova Guiné que ficam próximos a vazamentos na profundidade de dióxido de carbono. Os resultados mostraram que, conforme aumenta a acidificação, menor é a diversidade de corais.
"Esse estudo comprova que precisamos urgentemente diminuir as emissões de dióxido de carbono ou enfrentaremos o risco de perdas consideráveis no ecossistema de corais", disse Katharina Fabricius, estudioso de corais e membro do Instituto Australiano de Ciência Marinha.
A expectativa de transição para um mundo de pouco carbono em um futuro próximo é remota. A Agência de Energia Internacional diz que as emissões de dióxido de carbono atingiram o recorde de 27,8 bilhões de toneladas métricas no último ano.
Os recifes de corais, que cobrem cerca de 0,2% do solo oceânico, mas contêm perto de 25% da biodiversidade oceânica, fornecem crucial fonte de proteína para cerca de 500 milhões de pessoas, protegem as costas de tsunamis e tempestades e atraem turistas.
Mesmo que o clima mude, o que diminuiria a acidificação da água e o risco de morte para os recifes, cientistas dizem que controlar ameaças locais como a pesca predatória tem de ser a prioridade.
"Se mantivermos as ameaças locais em nível baixo, os recifes de corais poderão se sair bem das mudanças do clima", afirmou Lauretta Burke, biólogo de recifes.


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