São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011
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A coruja como enviada ambiental
Por JIM ROBBINS CHARLO, Montana - Há 19 anos, Denver Holt, um pesquisador de corujas, viaja para Barrow, no Alasca, todos os verões para mapear o relacionamento entre os lemingues, roedores que se arrastam pela tundra, e as corujas brancas que os caçam do céu. Holt diz que a coruja-da-neve tem um papel na compreensão das mudanças ecológicas em um dos lugares de mudança mais velozes do mundo. "Quando os lemingues estão bem, tudo vai bem -os patos eider, os grous, a raposa do Ártico", disse. "Se a mudança climática provoca mudanças e afeta os lemingues, isso vai aparecer na coruja branca, pois 90% de sua dieta se baseia em lemingues. As corujas são a chave de tudo." Anos de dados fornecem uma visão muito profunda das tendências populacionais da espécie. E a pesquisa sobre as corujas-da-neve em outras partes do mundo pode revelar mudanças no ecossistema ártico global, mesmo sem outros indicadores. John W. Fitzpatrick, diretor do Laboratório de Ornitologia da Universidade Cornell em Ithaca, Nova York, concorda. "Os sistema são complexos, e, se tivermos um barômetro de fácil acesso para o sistema por trás dele, é uma coisa realmente boa, pois podemos medir de forma barata e fácil como um ecossistema está se comportando." Holt é diretor do Instituto de Pesquisa de Corujas, sem fins lucrativos, no sopé das montanhas Mission, há mais de 30 anos. Existem 15 espécies de corujas no oeste de Montana, 14 das quais se reproduzem aqui, mais que em qualquer outro Estado. Como são geralmente mais ativas no escuro e em condições de baixa luminosidade, as corujas também se comunicam em uma linguagem complexa. "Pios, assobios, estalos e chiados", disse Holt. "Seus chamados misteriosos à noite são o motivo pelo qual são associadas às bruxas." As corujas também são caçadoras altamente evoluídas: têm a melhor audição no mundo das aves -a grande coruja cinza pode escutar um rato se movendo embaixo de 30 centímetros de neve. Nas corujas que têm um disco facial, os ouvidos ficam atrás dele, e um mais alto do que o outro. Isso permite que a ave localize presas no sentido horizontal ou vertical para uma detecção mais precisa. A face redonda funciona como espécie de prato de satélite, canalizando o som para os ouvidos, para que a coruja faça correções de rumo durante o voo com base no som. Como os seres humanos, as corujas enxergam em três dimensões. Elas também podem girar a cabeça 270 graus. Suas asas são uma maravilha da engenharia evolucionária. Existe uma pena serrilhada na borda anterior da asa, penas aveludadas no topo e uma borda de penas pendentes na parte posterior da asa, as quais "se combinam para reduzir o ruído aerodinâmico no voo". Assim, conseguem surpreender suas presas, disse Holt. Existem cerca de 250 espécies de corujas em todo o mundo, em todos os continentes, com exceção da Antártida. Elas vão da coruja-anã de 57 g, encontrada no sudoeste dos EUA, à coruja-peixe de Blakiston, uma ave japonesa que pesa até 4,5 quilos. "Não sabemos quase nada sobre a maioria das espécies", disse Holt. Isso significa que, caso elas estejam em dificuldades, ninguém saberá. A coruja-de-orelha-curta, uma ave que aninha no chão, revelou um declínio de 70% nos últimos anos. Holt apanha corujas-de-orelha-comprida há 25 anos. A população dessas aves de até meio quilo também está encolhendo. A extensão de seu estudo deu um retrato dessas aves. "Estudos de longo prazo nos permitem compreender como os organismos enfrentaram variações na natureza através do tempo", disse o doutor Fitzpatrick. "Um ano extremo em dez pode modificar o sistema, e, por isso, dados de longo prazo nos dão contexto. Mas é preciso paciência e resistência para manter um estudo." A coruja é um embaixador carismático do mundo para advertir sobre problemas causados pela mudança climática. "As pessoas prestam mais atenção nas corujas do que em outras aves", disse Holt, "porque elas são parecidas conosco." Texto Anterior: Para médicos, dilema sobre tratamento da Aids Próximo Texto: Domínio de idiomas é um exercício cerebral Índice | Comunicar Erros |
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