São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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NOVA YORK

Comércio coreano em dificuldades

Por SAM DOLNICK
Joo Han, filho de imigrantes coreanos, comanda quitanda e mercearia em Manhattan cuja aparência é quase a mesma de quando seus pais a abriram, uma geração atrás, trabalhando horas intermináveis para construir uma vida nova -banana por banana, uma caixinha de leite por vez.
Mas a loja que conduziu seus pais até a classe média hoje mal consegue pagar o aluguel do imóvel que ocupa. Han está pensando em fechar ou vendê-la -medida que dois outros donos de mercearia coreanos nas proximidades também estão cogitando, e que centenas de outros já tomaram.
Durante décadas, os quitandeiros coreanos foram a encarnação de um tipo nova-iorquino clássico -o empreendedor imigrante-, tendo se tornado um elemento tão emblemático da vida de Nova York quanto os táxis amarelos e os vendedores de pretzels.
Agora, há cada vez menos deles. "Se você voltar no ano que vem, é possível que eu não esteja mais aqui", disse Han na metade de um turno de trabalho de 12 horas em sua venda aqui na Broadway, na parte norte de Manhattan.
Os coreanos ainda dominam o setor das mercearias e quitandas pequenas em Nova York; a Associação de Hortifrutigranjeiros Coreanos estima que seus filiados sejam donos de 70% das quitandas e mercearias da cidade. Mas as fileiras deles vêm encolhendo, à medida que enfrentam as mesmas forças que ameaçam pequenos negócios familiares de todos os tipos: alta dos aluguéis, aumento da concorrência de rivais corporativos e on-line, e intensificação do escrutínio de órgãos da cidade, o que resulta em multas.
As lojas também estão sucumbindo diante do impulso que levou casais a abri-las em primeiro lugar: o desejo de ver seus filhos se saírem muito melhor que eles.
Apesar do orgulho que tem do empreendimento de sua família, Joo Han, 42, está decidido que seus dois filhos adolescentes não devem herdar o negócio. "Quando eles têm notas ruins, minha mulher fala: 'Você quer passar o resto de sua vida trabalhando em uma quitanda?'", ele explicou.
Segundo o sociólogo Pyong Gap Min, da Faculdade Queens, que estudou o setor, havia, em 1995, cerca de 2.500 quitandas de coreanos em NY. Em 2005, esse número havia caído para 2.000, disse ele, e, desde então, a queda continua. Para Min, estabelecimentos como salões de beleza e lavanderias tornaram-se mais atraentes que o setor varejista para os empreendedores coreanos. "As lojas pequenas não conseguem sobreviver", disse ele. "Acabou."
No lugar de assumirem os negócios quando seus pais se aposentam, como fizeram ítalo-americanos e judeo-americanos gerações atrás, os filhos de coreanos vêm encontrando trabalho longe do setor de hortifrúti, em escritórios de advocacia, em bancos e em hospitais. Os pais fazem questão disso.
"Os pais querem que seus filhos tenham profissões melhores", disse Lee, que desistiu de seu sonho de estudar filosofia para administrar uma mercearia e hoje é dono de um supermercado em Queens.
Imigrantes do sul da Ásia, da América Latina e do Oriente Médio estão ingressando no ramo das pequenas mercearias.
Joo Han, que assumiu a direção de seu estabelecimento no Upper West Side de Manhattan depois de sua mãe adoecer, não sente orgulho de fazer parte da segunda geração de quitandeiros.
"Se eu tivesse que fazer tudo outra vez, eu teria vendido o negócio dez anos atrás", disse ele.
Colaborou Eunji Jang


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