São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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Próspera, Indonésia atrai capital externo

Por AUBREY BELFORD
JACARTA, Indonésia - Após anos sendo conhecido pela corrupção e a instabilidade, este país está emergindo da crise financeira global com uma nova reputação, a de criança prodígio da economia.
A Indonésia, maior economia do Sudeste Asiático, cresceu a uma taxa anualizada de 6,2% no segundo trimestre. Em 2009, seu PIB aumentou apenas 4,5%.
A Bolsa local bateu recorde no final de julho e está entre as de melhor desempenho na Ásia. A rupia local se valorizou quase 5% neste ano perante o dólar, um resultado expressivo.
"Os investidores estrangeiros têm acorrido à Indonésia desde talvez em torno de meados de 2009", disse Lanang Trihardian, analista da firma de gestão de fundos Syailendra Capital, em Jacarta. Esse investimento, segundo ele, "está indo principalmente para os mercados de capital, para títulos, para ações".
O investimento estrangeiro passou anos contido depois da crise econômica de 1997 na Ásia. Mas, no segundo trimestre deste ano, o país recebeu 33,3 trilhões de rupias (US$ 3,7 bilhões) em investimentos estrangeiros diretos, um aumento de 51% em relação a um ano antes, segundo o governo. A maior parte desse capital vem de dentro da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Japão e Coreia do Sul, e também países europeus, respondem pelo restante.
Alguns dizem que esta democracia de maioria muçulmana, um dos países mais populosos do mundo, pode em breve merecer o tipo de atenção que os investidores hoje em dia dedicam à China e à Índia.
Mais de uma década após a queda da ditadura de Suharto, em 1998, o país se estabilizou. Há na China grande demanda por seus recursos naturais, como o óleo de palma (ou dendê), cobre e madeira.
O presidente Susilo Bambang Yudhoyono tem reduzido a dívida e conseguido algum sucesso no combate à corrupção, e parte do poder foi devolvida a governos locais.
A população relativamente jovem de 240 milhões de habitantes e as políticas governamentais de estímulo mantêm o consumo fervilhante. Em Jacarta, a piora do trânsito e a proliferação de enormes shoppings centers são vistas como sinais da crescente força da classe média.
Apesar do progresso, cerca de 15% dos indonésios vivem abaixo da linha oficial de pobreza do país, em torno de US$ 1 por dia, e o desemprego é superior a 7%.
O governo acredita que uma forma de obter um crescimento mais sustentável seja por meio dos investimentos estrangeiros. Seu Conselho de Coordenação do Investimento espera até 2015 atrair US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões por ano em capital externo, segundo Gita Wirjawan, diretor da entidade.
Numa economia de US$ 650 bilhões por ano, isso não é muito. Mas é "opticamente" muito importante, segundo Wirjawan. O governo anunciou em agosto que o fundo soberano da China pretende investir US$ 25 bilhões em projetos de infraestrutura na Indonésia. A gigante siderúrgica sul-coreana Posco recentemente assinou um contrato de US$ 6 bilhões para construir uma usina na Indonésia.
"Estamos vendo uma crescente realocação de fábricas dos taiwaneses, coreanos e japoneses a partir do Vietnã e da China", disse Wirjawan.
A Associação Indonésia de Calçadistas diz que marcas importantes, como Asics, Mizuno e New Balance, transferiram neste ano parte da sua produção para a Indonésia, por causa do aumento dos custos em outros lugares.
"Na Ásia há uma sensação de que, depois de investir na China e depois de investir na Índia, onde você vai investir?", questionou Fauzi Ichsan, economista-sênior do Standard Chartered na Indonésia. "Terá de ser na Indonésia. É um destino natural."


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