São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

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A velha Sra. Pac-Man ainda tem um lar em Chinatown

Por KABIR CHIBBER
Caminhar pela Rua Mott no centro de Manhattan -passando por lojas de brinquedos baratos e restaurantes chineses de qualidade variada- é uma experiência banal até que a calçada é subitamente ocupada por jovens mal vestidos e muito barulhentos, que se aglomeram na frente a uma placa que diz: "Proibidas aglomerações".
É a noite de sexta-feira no video arcade Chinatown Fair, um dos últimos "fliperamas" tradicionais que restam em Nova York. Lá dentro é quente e úmido, e as paredes são vermelho-sangue.
"É um antigo fliperama, mais para os jogadores de hard core", diz Travis, 30, assistente jurídico com cabelos em dreadlock que vive no Harlem e tem frequentado a Chinatown Fair nos últimos sete anos. "Aqui vêm garotos de toda a cidade."
Em 2005, havia 44 casas de videogames em Nova York, segundo o Departamento de Assuntos do Consumidor; hoje, sobrevivem 23. Com a expansão dos jogos online, a ação mudou principalmente para os lares.
Chinatown Fair tornou-se um centro onde os excluídos da cidade se unem em torno de seu amor comum por um bom flíper e jogos da "velha guarda" -Street Fighter II de 1991, assim como Ms. Pac-Man e Time Crisis.
"A competição é realmente boa", afirma Yipes, também conhecido como Michael Mendoza, um rapaz rechonchudo de 23 anos de Washington Heights, no norte de Manhattan. "Eu diria que é o melhor da cidade.
E é um bom lugar para se divertir. Tem os jogos, as pessoas, comida barata na esquina..."
Yipes, conhecido como um dos melhores jogadores que frequentam o lugar, indica as várias facções. "Tem a turma do DDR", diz, referindo-se aos rapazes e garotas suados que preferem o jogo Dance Dance Revolution, assim como os "corredores ou lutadores". Na verdade, a maioria dos homens adolescentes estava reunida em torno de uma série de máquinas Street Fighter IV mais novas.
Uma pessoa gravava vídeo dos jogos para publicar no YouTube. Os jogadores levam a coisa a sério, embora o clima geralmente seja de camaradagem.
Vários empregados identificaram um paquistanês de cerca de 70 anos chamado Samuel como o proprietário.
Ele diz que está no negócio há quase 30 anos, mas depois se recusa a falar mais.
Às sextas-feiras e sábados, a Chinatown Fair fica aberta até as 2h. Depois da meia-noite, há mais garotos com mochilas do lado de fora e se fuma ainda mais. Sanford Kelly, 22, do Bronx, parece descontraído com seus óculos grossos e um conjunto todo preto. Ele vive do que ganha jogando em torneios em todo o país. "Basicamente, sou o melhor da costa leste hoje", diz. "Eles me chamam de Sanford Sensei."
Apesar de seu apelo aos fiéis do hard core, a Chinatown Fair vem sentindo as dores do setor. Travis diz que recentemente um torneio da casa foi cancelado devido à baixa frequência.
"Hoje você pode jogar com um milhão de pessoas do mundo inteiro", afirma.
"Para mim não é a mesma coisa que jogar cara a cara. Os jovens podem não se importar, mas eu sim."


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