São Paulo, segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

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Jackie também foi editora


Ela foi editora por mais tempo do que primeira-dama

Por CELIA McGEE

Dois livros rivais sobre os anos de Jacqueline Kennedy Onassis como editora de livros chegarão às livrarias: "Reading Jackie: Her Autobiography in Books", de William Kuhn, e "Jackie as Editor: The Literary Life of Jacqueline Kennedy Onassis", de Greg Lawrence.
O primeiro, da Doubleday, marca ruptura da norma da empresa de não publicar nada sobre Onassis, que foi sua funcionária. O outro é da Thomas Dunne Books/St. Martin's Press.
Os dois livros afirmam que as duas décadas que Onassis passou trabalhando com livros revelam muito sobre ela como pessoa: o intelecto por trás da pessoa sintonizada com a moda, a mente analítica por trás do rosto famoso.
A menininha que adorava livros cresceu e passou mais anos como editora do que o tempo que passou como primeira-dama e esposa de um armador grego.
Em 1975, Onassis tinha acabado de chegar à editora Viking, com salário semanal de US$ 200. Os dois livros relatam como em 1977, depois de romper com a Viking em função da publicação do thriller "Shall We Tell the President?", sobre uma conspiração para um assassinato político, ela se transferiu para a editora Doubleday. O livro "Jackie", desta última, sai sob a rubrica da editora Nan Talese, que conheceu Onassis quando a ex-primeira-dama estava começando a trabalhar com livros. "Jackie fazia fila, como todo o mundo", para falar com o publisher em seu escritório, conta Talese.
Nas duas biografias, colegas recordam a salinha ocupada por Onassis, os óculos grandes que ela usava, e seus cabelos que cheiravam a cigarros. Suas preferências editoriais eram por histórias culturais da vida nas cortes, o poder dos mitos, biografias de mulheres pouco convencionais e heróis dos direitos civis, e livros celebrando eras douradas passadas.
Ela convenceu a cantora Carly Simon a escrever livros infantis. Ela editou "Moonwalk", de Michael Jackson. Nan Talese observou que Onassis exibiu seu intelecto desde cedo.
Mas "crescemos em uma era em que as mulheres não eram levadas a sério, e isso é algo que nunca se supera. Acho que foi por isso que buscou um emprego em que pudesse usar a cabeça."
Lawrence retrata Onassis como cruzada que combateu o processo de conglomeração de editoras e o enxugamento de orçamentos. Mas, disse Talese, "ela fechou contrato com Ruth Prawer Jhabvala para publicar um romance desta e me disse: 'Às vezes, você precisa fazer algo por sua alma'".
Contudo, Onassis, cujo salário subiu para US$ 100 mil, compreendia o valor do seu nome. "Ela me disse certa vez: 'Bem, sou a caçadora e eu o faço quando querem'", falou Talese, aludindo a um período em que Alberto Vitale presidiu a Bantam Doubleday Dell. Quando o romancista egípcio Naguib Mahfouz recebeu o Prêmio Nobel, em 1988, "Alberto pediu a Jackie que telefonasse a ele, e ela sabia o porquê -porque ela seria atendida".


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