São Paulo, segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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MODA

Recessão encolhe preços inchados dos jeans de grife

Por ERIC WILSON
O jeans de grife de US$ 300 agora é, graças à recessão que atingiu os EUA, um jeans de grife de US$ 200.
"Era tudo só uma moda", disse Jeff Rudes, fundador da grife J Brand Jeans e observador astuto dos preços suspeitosamente inflados do item básico mais eternamente reinventando pela indústria. Como qualquer commodity inflacionada, eventualmente o mercado se corrige. E já estava na hora de o jeans ter seu dia do juízo. "Os andares da maioria das grandes lojas tinham um excesso de variedade tão grande que estavam simplesmente atulhando jeans nas prateleiras", disse Rudes.
O lançamento dos jeans de US$ 300 -talvez mais do que das bolsas de US$ 1.000 e dos óculos escuros de plástico de US$ 500- marcou o momento em que os consumidores começaram a questionar os preços cobrados nas lojas de departamentos. Calças de brim pelo preço de um iPod eram uma tamanha forçação de barra que os varejistas tiveram de inventar um termo novo para sugerir que se tratava de um jeans diferente da peça de US$ 100 que eles vendiam nos anos 1990.
Assim, no começo da década, o jeans de grife virou "premium" -como se você tivesse de pagar um "premium" (ágio) para vesti-las: US$ 340 pelo jeans Acne; US$ 350 pelo jeans Ksubi; US$ 580 pelo jeans Dior, e assim por diante. Antes da recessão, o brim "premium" era uma das categorias que mais cresciam no ramo do vestuário, e parecia não haver limite para aquilo que os clientes pagariam por uma nova etiqueta, um novo corte, acabamento ou lavagem.
Mas a bolha do brim estourou, e poucos jeans com preços tão extravagantes permaneceram nas lojas -marcas como PRPS e 45rpm, que, numa admissão tácita do declínio do negócio "premium", agora são mais chamadas de jeans "artesanais". Enquanto isso, o jeans de grife se reposicionou um pouco abaixo dos US$ 200, embora não pareça muito diferente do jeans de US$ 300 vendido há apenas dois anos na loja Barneys New York.
"O preço-chave agora está abaixo de US$ 200", disse Eric Jennings, diretor de moda masculina da Saks da Quinta Avenida. "O troço supercaro não está indo tão bem."
Mas o brim de grife continua sendo um dos poucos pontos luminosos no setor do vestuário. As vendas anuais de jeans femininos como um todo subiram 5% no último ano, chegando a US$ 8,2 bilhões em agosto, apesar de uma queda de 1% nos preços médios, segundo a empresa de pesquisas NPD -a mudança de preços reflete uma reacomodação mais ampla nas lojas de luxo.
Durante a moderna era dourada, a disparada dos preços das roupas de grife tinha mais a ver com os lucros do que com o design ou a produção de uma peça. Os estilistas descobriram que poderiam cobrar muito pela percepção de prestígio. Vestidos, ternos e bolsas tinham o preço de carros, e os consumidores não hesitavam. Mas, com os jeans, ficou mais óbvio que algum tipo de jogo estava sendo jogado; os elementos básicos, afinal, não haviam mudado substancialmente ao longo das décadas: cinco bolsos, algodão e alguns rebites.


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