São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2010

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LENTE

A maconha é lucrativa para quem libera o uso

A reputação da Califórnia como lugar em que as tendências são definidas pode ter sido enfraquecida com a decisão contrária dos eleitores à legalização da maconha para uso recreacional neste mês. Mesmo que o governador Arnold Schwarzenegger tenha reduzido a pena para a posse de pequena quantidade, parece que os residentes da Califórnia não estão prontos para ser o primeiro Estado americano a permitir a droga ao lado do álcool e do tabaco, além de cobrar impostos de uma indústria com estimativa de ganhos bilionários.
É claro que o uso médico da maconha se proliferou na Califórnia, como ocorre nos Estados de Montana e Colorado onde o uso dela é legal para propósitos de saúde. Existem alguns benefícios inesperados para o crescente mercado, destacou o jornal "New York Times".
Os jornais americanos, especialmente os alternativos semanais, estão ganhando uma nova fonte de receita advinda dos fornecedores de maconha medicinal e o negócio que surgiu para assessorá-los, como advogados tributários, agentes imobiliários e fiadores. Os anúncios estão preenchendo as páginas do jornal em mercados de notícias metropolitanos, como Los Angeles, San Francisco e Denver, e são parte importante em uma indústria que viu queda da receita de propaganda e da circulação na última década.
"A maconha medicinal vem sendo uma bênção muito maior do que imaginávamos", disse John Weiss, fundador do "Independent", uma publicação grátis em Colorado Springs, ao "Times".
"Essa receita não estava em nosso plano de marketing um ano atrás, mas agora faz parte de 10% do rendimento do jornal".
As notícias são sombrias na Holanda. Maastricht, perto das fronteiras alemã e belga, vê milhares de "turistas da droga" todos os dias, o que equivale a dois milhões por ano, autoridades municipais dizem. O único objetivo deles é visitar as 13 "cafeterias", onde podem comprar maconha legalmente, o "Times" mostrou.
É um atrativo que Maastricht e outras cidades holandesas da fronteira oferecem aos viciados. Maastricht agora possui uma taxa de criminalidade três vezes maior do que cidades holandesas de características parecidas, mas que estão longe da fronteira.
"Eles vêm com seus carros e fazem muito barulho", contou Gerd Leers, que foi prefeito de Maastricht durante oito anos, ao "Times". "Mas a pior parte é que esse grupo é alvo atrativo para os criminosos que querem vender sua própria droga".
A cidade está tentando fazer com que o uso recreacional das drogas seja uma política somente holandesa, proibindo as vendas para os estrangeiros que vêm somente para conseguir muita maconha. As urnas mostram que os holandeses acreditam que as "cafeterias" devem existir. Mas a Holanda já teve muito mais, 1.500 delas; agora, cerca de 700 sobreviveram, reportou o "Times".
Mas em lugares como Nederland, no Colorado, cerca de 20 quilômetros a oeste da Universidade de Boulder, conhecida por ser liberal, alguns sentem que finalmente poderão gastar seu dinheiro em um comércio que sobrevive há muito tempo na ilegalidade. "A venda de maconha sempre esteve aqui, de maneira ilegal por muito tempo, mas agora existirá uma oportunidade para a indústria", disse o prefeito de Nederland, Sumaya Abu-Haidar. TOM BRADY


Envie seus comentários para nytweekly@nytimes.com.


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