São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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LENTE

Uma combinação perfeita

Disputar espaço com multidões frenéticas em uma liquidação, vasculhar em meio a cabides de roupas e carregar uma pilha de peças até o local para as provas das roupas, apenas para confirmar que, de fato, nada cabe ou lhe cai bem, nunca foi uma experiência agradável. Os consumidores se sujeitavam aos caprichos de vendedores, estilistas e roupas do tipo "tamanho único que não ficam bem em ninguém".
Agora, porém, as visitas a lojas ganharam um ar diferente, e não é apenas graças ao copo de uísque escocês que você tem na mão. Com maneiras aparentemente inúmeras de se fazer compras -por meio de smartphones, sites de liquidações instantâneas e lojas de aluguel de peças de luxo-, os varejistas estão disputando clientes e contexto para não se perderem em meio à multidão. A abordagem mais recente deles consiste em vender a experiência de fazer compras, e não apenas as roupas propriamente ditas.
Recentemente, Joey Rubenstein bebia de um copo com grandes cubos de gelo enquanto esperava por seu paletó esporte na loja Hugo Boss do centro de Manhattan: "A sensação é de uma experiência social, algo tipo James Bond ou ‘Playboy’ dos anos 1960, mas acho que é também como Las Vegas -quanto mais você bebe, mais você gasta".
Drinques viraram um adicional popular em lojas de moda masculina como RRL, Billy Reid e Seize sur Vingt, em Manhattan, e as bebidas servidas -vinho, cerveja, coquetéis- visam funcionar como extensão da grife.
"É um jeito de dizer ao mundo que elas não são empresas gigantes, mas que administram suas lojas com um toque mais pessoal", disse ao jornal "The New York Times" o consultor de grifes de moda Michael Williams.
Agora que você está pronto para tomar um drinque, só está faltando um livro, que pode estar por perto. Lojas conhecidas pelas roupas que vendem vêm oferecendo títulos que acrescentam algo à personalidade de uma grife. O estilista Marc Jacobs abriu a loja Bookmarc em Manhattan no outono americano passado. A Kitson, em Los Angeles, conhecida por sua clientela repleta de celebridades, estima que vendeu 100 mil livros no ano passado, o dobro do volume do ano anterior.
Às vezes, a etiqueta de uma peça de roupa pode ser a coisa mais difícil de se ler. O tamanho médio de uma loja pode ser o PP de outra. Os tamanhos nunca foram padronizados, de modo que as empresas procuram oferecer etiquetas mais informativas. A MyBestFit está oferecendo escaneamentos de corpo inteiro em shoppings. Com isso, a compradora fica sabendo os tamanhos que deve experimentar entre as grifes contidas em um banco de dados, segundo o "Times".
A Levis decidiu facilitar a saída para comprar um jeans, algo que pode envolver experimentar calças até encontrar aquela que lhe cai bem. A companhia introduziu a Curve ID, uma linha com três estilos, dependendo do tamanho do bumbum da consumidora.
E encontrar a roupa que lhe cai perfeitamente pode ser fácil -on-line. Um novo tipo de site de comércio eletrônico usa algoritmos para determinar o estilo pessoal do usuário, faz uma filtragem on-line das opções possíveis e apresenta aos usuários uma seleção de calçados e acessórios, em troca de uma taxa mensal. Para Emily McNish, 24, que paga US$ 29,95 mensais pelos serviços do JewelMint, é como fazer parte de um "clube secreto".
É essa sensação emocional que os varejistas querem comandar. Como disse ao "Times" Wendy Liebmann, executiva-chefe de uma consultoria de marketing: "Acho que o setor está tendo uma oportunidade real de injetar novo toque prazeroso na experiência de fazer compras". ANITA PATIL

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