São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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Montadoras sofrem com a falta de chip

Por ANDREW POLLACK
e STEVE LOHR

HITACHINAKA, Japão - Um carro moderno é um computador sobre rodas. As janelas elétricas, os mapas de navegação no painel dianteiro, os injetores de combustível -essas operações são controladas por alguns dos cerca de cem sistemas eletrônicos contidos em um automóvel padrão.
Assim, não surpreende que o terremoto de magnitude 9,0 que suspendeu as operações de uma das principais fábricas mundiais de chips de computador para automóveis tenha desferido um golpe tão forte e duradouro à indústria automotiva global.
Desde o terremoto de 11 de março, a falta de chips produzidos pela Renesas Electronics vem sendo uma das razões pelas quais a produção de automóveis caiu para a metade do nível normal no Japão, além de ter se reduzido muito em algumas fábricas dos Estados Unidos e de outros países.
E, em 25 de abril, os responsáveis pela fábrica em Hitachinaka admitiram que esse elo crítico na cadeia de fornecimento só será restaurado aos poucos, a despeito dos esforços de reparo que estão sendo feitos 24 horas por dia. Situada a 112 quilômetros a nordeste de Tóquio, a fábrica pertence à Renesas Electronics, que supre 40% do mercado mundial desses chips, conhecidos como microcontroladores automotivos.
Devido à maneira que a indústria automobilística se desenvolveu, os microcontroladores são customizados para cada modelo de carro. Por isso, é difícil uma montadora trocar de fornecedor rapidamente. E as montadoras estão desesperadas para ver a Renesas retomar sua produção.
"Temos um papel e uma responsabilidade importantes", disse Tetsuya Tsurumaru, vice-presidente de manufatura da Renesas. Ele disse que espera reiniciar a produção de microcontroladores em 15 de junho. Mas, acrescentou, em um primeiro momento, que a produção chegará a apenas 10% da capacidade da empresa.
Para ajudar a atender à demanda, a empresa está transferindo parte da produção de sua fábrica principal em Hitachinaka para outra em uma área do Japão que não foi afetada pelo terremoto. A produção experimental já começou na Renesas. Funcionários trabalhavam na sala limpa para consertar e realinhar máquinas sofisticadas que precisam ter precisão de um bilionésimo de metro. A Toyota informou recentemente que enfrenta a falta de 150 componentes críticos, não apenas controladores eletrônicos, mas também componentes de borracha e aditivos de tinta. Em um sinal da importância crucial desta fábrica, montadoras, empresas de autopeças e outros clientes do Japão enviaram até 2.500 funcionários para ajudar a colocar a fábrica em operação outra vez.
Uma razão da forte dependência do setor sobre a Renesas é que a empresa é fruto de fusões envolvendo três empresas de semicondutores: Hitachi, Mitsubishi Electric e NEC Electronics.
Os microcontroladores de automóveis, que fazem as vezes de cérebros dos sistemas de controle eletrônico, são chips feitos sob medida para diferentes montadoras, contendo designs de hardware distintos e tipos de softwares diferentes. Trata-se em parte de um legado da tradição da indústria automotiva de que cada empresa desenhe e monte veículos atendendo a suas especificações. O mesmo ocorre na indústria eletrônica automotiva.
Montadoras nos EUA, na Europa e no Japão formaram consórcios para padronizar tecnologias. Dois grupos estão focando os padrões de software e eletrônica para os sistemas de motores e transmissão, informações e entretenimento. Analistas dizem que a crise no Japão pode acelerar seu progresso e pressionar montadoras na redução de sua dependência. "No longo prazo, as montadoras vão começar a suprir-se também junto a outros fornecedores", disse Egil Juliussen, analista da IHS iSuppli.


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