São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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Ligando a criatividade aos negócios na China

Por HANNAH SELIGSON

Eles poderiam ser descritos como os encantadores de jovens da China. Desde Harbin, no norte, até Guangzhou, no sul, jovens artistas,músicos e designers são chamados para modernizar as marcas de grandes empresas.
A NeochaEdge está ao centro desse experimento. Primeira e única agência criativa do tipo na China, foi fundada em 2008 por dois americanos, Sean Leow e Adam Schokora, para promover o trabalho de ilustradores, designers gráficos,animadores, designers de som e músicos da China. Hoje, a agência tem 200 artistas membros, que a NeochaEdge paga por projeto para trabalharem campanhas e produzir designs para marcas como Nike, vodca Absolut e Sprite.
A Adidas quer ser "cool", "e a única maneira de ser 'cool' é agradar aos jovens", diz Jean- Pierre Roy, que, até recentemente, ajudou a supervisionar o desenvolvimento de produtos da Adidas na China.Quatro artistas chineses foram escolhidos pela Adidas para criar desenhos para suas novas camisetas.
Esses artistas são muito diferentes de Ai Weiwei, o artista plástico chinês de 53 anos detido pelo governo. "Eles querem promover suas carreiras.Não se trata de contestar o establishment político", explicou Leow. "A arte comercial, raramente ou nunca, abrange a dissensão."
Nos últimos 12meses,membros da NeochaEdge também criaram uma trilha sonora e um show de "grafites" iluminados para a Absolut, desenharam tênis para a companhia de calçados Jimmy Kickse criaram conteúdos para uma revista eletrônica da Nike sobre a cultura do basquete na China. Até o final deste ano, a NeochaEdge também prevê tornar-se uma galeria de arte virtual, vendendo criações de seus artistas por meio de seus site na internet.
"Não é possível simplesmente andar pela China e descobrir quem é um artista que está chamando a atenção", diz Roy. "Tudo isso ainda é um pouco underground." Assim, Schokora, 30, e Leow, 29, assumiram o papel de guias a esse mundo.
Antes de fundar a empresa, Leow, que estudou chinês, estava Vivendo em Xangai, trabalhando Como consultor de empresas.
"Eu ia a muitas exposições de arte e shows de rock indie. Eu sempre tinha pensado que, na China, se fizesse muita imitação e nada de criativo, mas estava enganado", diz ele. Essa constatação levou à ideia de criar uma rede chamada neocha.com para reunir profissionais criativos chineses. Mas não estava entrando receita de anunciantes.
Ao mesmo tempo, Schokora, que vive na China desde 2003, estava trabalhando como gerente de mídia digital e social da empresa global de comunicações Edelman. Influenciado por sua experiência de trabalho em uma grande agência, Schokora sugeriu que o modelo econômico do site fosse mudado: de site de relacionamento social para consórcio criativo.Os fundadores dizem que a estratégia funcionou, tanto que sua receita mais que dobrou no ano passado. Dependendo do tipo de projeto, os membros do grupo de artistas recebem entre 20% e 90% da taxa cobrada pela NeochaEdge, que pode variar entre US$ 10 mil e US$ 100 mil.
De acordo com o artista Chen Leiying, o pagamento "equivale mais ou menos ao que ganha um designer sênior que trabalha para uma agência". Mas "há muito mais liberdade e oportunidade para você divulgar seu nome".
O artista Hurri Jin, 26, já trabalhou em cinco projetos com a NeochaEdge desde dezembro de 2009 e recebeu 20 mil renminbi ou um pouco mais de US$3.000. "A NeochaEdge realmente ajudou meu trabalho", ele diz.
À medida que as empresas ampliam seu alcance para além das grandes cidades de Pequim, Xangai e Guangzhou, o talento e A autenticidade locais vão ganhar importância, diz Damian Coren, executivo-chefe operacional da agência de publicidade Leo Burnett em Xangai. "Todas as marcas estão de olhos bem abertos nessas cidades de segundo e terceiro níveis."
Coren não tinha ouvido falar da NeochaEdge. A Coca-Cola recorreu à empresa para um concurso que se propunha a conferir um toque chinês ao tema americano de "bebida que refresca e dá energia". A agência encontrou seu nicho na disponibilização de arte e música inovadoras. Mas será que isso a ajudará a atrair marcas maiores?
"Seja o que for que fizermos a seguir,queremos continuar a dar à moçada jovem e talentosa da China a esperança de que poderá ganhar dinheiro no setor criativo", diz Schokora.


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