São Paulo, segunda-feira, 16 de novembro de 2009 |
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Traumas de combate também afetam mulheres
Por DAMIEN CAVE
Para Vivienne Pacquette, ser veterana de combate e sofrer de estresse pós-traumático significa não telefonar a seus filhos, não sair para jantar com seu marido e lembrar, em sessões de terapia, as entranhas de seus amigos que viu expostas após um ataque com morteiros.
Seu grupo foi alvo de disparos em Bagdá. “Era meu aniversário”, contou Pacquette. “Me recordo de ter pensado ‘meu Deus, eu vou morrer’.” Em vez disso, ela surpreendeu até a si mesma, permanecendo calma. “Como líder, eu não podia deixar meu medo transparecer”, explicou. Mais tarde, porém, as consequências da guerra começaram a pesar. Após um ataque com morteiros, ela viu três de seus amigos dilacerados a ponto de se tornarem irreconhecíveis. Recordando a cena quase cinco anos mais tarde, seus olhos começam a se mover rapidamente de um lado a outro, como se Pacquette estivesse procurando de onde viria o próximo foguete. Esse flashback emocional é parte de uma longa lista de sintomas de estresse pós-traumático que as veteranas hoje conhecem bem. Acessos de raiva, insônia, pesadelos, depressão, sentimento de culpa por ter sobrevivido, medo de multidões —assim como os homens, as mulheres que apresentam o transtorno podem sentir tudo isso, e sentem. Quando Heather Paxton começou a trabalhar no hospital da Administração de Veteranos em Missouri, dois anos atrás, descobriu algo que não prevera: que ninguém a enxergava como veterana de guerra. Apesar de ela ter servido no Iraque, os pacientes presumiam que ela não tivesse nenhuma experiência da guerra em primeira mão. As veteranas de combate sentem que seu sacrifício é menosprezado em bares, onde estranhos as ignoram e compram bebidas para homens que nunca foram enviados para a guerra, e em eventos de boas-vindas, onde os organizadores pedem a presença de seus maridos. Tammy Duckworth, ex-piloto que perdeu as pernas numa explosão no Iraque, disse que fatos como esses demonstram que “estamos passando por uma transformação”. O que muitas pessoas não percebem, disse ela, que atualmente trabalha na Administração de Veteranos, é que hoje, na guerra, “não existe a pergunta ‘será que as mulheres podem exercer papéis de combate?’. Elas já os estão exercendo”. Colaborou Diana Oliva Cave Texto Anterior: Orçamento da ONU enfrenta impasses Próximo Texto: Diário da Cidade do México: No México, o contexto é que define o palavrão Índice |
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