São Paulo, segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Texto Anterior | Índice

Ensaio
Michael Kimmelman


Laser ajuda a preservar detalhes da história

EDIMBURGO — Em abril próximo, uma pequena equipe de especialistas da Escola de Arte de Glasgow e da instituição oficial de patrimônio Historic Scotland vai para a Dakota do Sul (centro-norte dos EUA) a pedido da organização CyArk e do Serviço de Parques Nacionais dos EUA. Eles vão fazer escaneamentos a laser e modelos de computador do monte Rushmore, famoso monumento com cabeças de presidentes americanos esculpidas na rocha.
A equipe escocesa de 45 pessoas vai passar alguns dias montando e acionando seus vários scanners para captar todas as saliências e reentrâncias do monte Rushmore, coletando bilhões de bits de informação digital, que então serão organizados por computador.
O resultado deverão ser os modelos tridimensionais mais completos e precisos do local, milhões de vezes mais detalhados e exatos que as melhores fotografias ou filmes.
A equipe escocesa atingiu um nível de sofisticação sem precedentes. Por meio do escaneamento, os especialistas conseguem recuperar a aparência original dos objetos, praticamente fazendo o tempo recuar em sítios antigos. Eles podem simular os efeitos da mudança climática, da expansão urbana, de desastres naturais ou da intervenção humana nesses mesmos lugares, dando uma visão do futuro.
Douglas Pritchard, arquiteto canadense, é o gênio por trás do Digital Design Studio na escola de arte. Ele chefia a expedição escocesa com David Mitchell, diretor do grupo de conservação técnica da Historic Scotland.
Sobre um tripé, uma caixa contendo um laser gira lentamente 360 graus, e o laser, movendo-se para cima e para baixo, reflete seu raio em qualquer coisa sólida que estiver na sua frente. Ele registra cerca de 50 mil pontos no espaço a cada segundo. Os analisadores tradicionais poderiam produzir algumas centenas de medições por dia.
Recentemente, em uma conferência sobre documentação digital em Glasgow, o ministro da Cultura da Escócia, Michael Russell, encontrou-se com Ben Kacyra, o engenheiro americano que inventou o scanner. Kacyra fundou a organização sem fins lucrativos CyArk para compilar escaneamentos de 500 sítios do Patrimônio Mundial da Unesco (agência da ONU para a cultura) em todo o mundo. A equipe escocesa foi contratada para escanear para a CyArk cinco sítios escoceses do patrimônio mundial, assim como outros cinco locais.
Quais são as grandes implicações culturais disso? Pritchard falou sobre “um novo tipo de potencialização”. Ele se referia à perspectiva de usar modelos em realidade virtual para permitir que o público julgue todo tipo de propostas de projetos urbanos.
Pritchard mostrou em seu laptop um monumento vitoriano em ruínas, a Fonte Paisley. Ela foi devolvida virtualmente ao seu brilho verde laqueado original. Quando combinado com o escaneamento a laser, o material raspado mostrou o aspecto original da superfície da fonte. Ninguém havia imaginado que fosse tão brilhante. “Mas a tecnologia não mente”, disse Pritchard.


Texto Anterior: Em declínio, Versace busca um equilíbrio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.