São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

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LENTE

Buscando a salvação nos astros

Poucas semanas antes da quebra Da Bolsa em1929, a astróloga Americana Evangeline Adams, conhecida como" a maravilha de Wall Street", afirmou em seu programa de rádio que "a Dow Jones poderá subir aos céus".
Mas no que se refere a prognósticos, os verdadeiros economistas não se saíram muito melhor, especialmente em 2008.
Como disse certa vez John Kenneth Galbraith, "a única função da previsão econômica é fazer a astrologia parecer respeitável".
Os esforços para prever o futuro são tão antigos quanto a humanidade e tão disseminados quanto sempre.Os recentes tumultos no mercado levaram até alguns profissionais das finanças a procurar conselheiros heterodoxos.
"Quando as condições são tão voláteis", disse Thomas Taccetta, corretor da Bolsa baseado na Flórida, "consultar um médium pode ser uma estratégia tão boa quanto qualquer outra."
Diferentemente de Galbraith, ele não estava brincando.Mas, seja com folhas de chá, cartas do tarô ou computadores em um laboratório, a adivinhação raramente deixa de provocar polêmica.
Ultimamente, surgiu uma em torno do "Journal of Personality and Social Psychology".
Essa respeitada revista provocou Indignação em alguns círculos profissionais ao planejar publicar um estudo sobre percepção extrassensorial.Escrito porDaryl J.Bern, professor da Universida de Cornell,em Nova York, ele faz a crônica de nove experimentos de laboratório que alegam demonstrar a capacidade de pessoas comuns preverem eventos aleatórios no futuro imediato.
Alguns psicólogos dizem que o estudo resiste ao escrutínio científico.
Outros concordam com Ray Hyman, professor emérito de psicologia na Universidade do Oregon."É loucura, pura loucura", disse Hyman."Não posso acreditar que uma revista importante vá publicar esse trabalho. Acho que é simplesmente uma vergonha para todo o campo."
As ideias de Bern provavelmente não provocariam debate na Tailândia, onde o fascínio pelo sobrenatural e a paixão pela previsão da sorte são fortes.
"Só há duas coisas em que as pessoas estão realmente interessadas: sexo e previsão da sorte", disse Luck Rakanithes.
Luck dirige um centro de atendimento milionário em Bangcoc, onde adivinhos e astrólogos dão conselhos,muitas vezes sobre questões financeiras.
ATailândia não é o único lugar onde as pessoas consultam oráculos, mas lá a prática é comum no alto escalão do governo.Em 2006, adivinhos teriam influenciado um golpe militar.
E os líderes tailandeses são conhecidos por evitar a imprensa citando um alinhamento astrológico desfavorável para responder a perguntas.Essa é uma desculpa que os políticos de qualquer país podem invejar.
Eles também poderiam obter algumas ideias dos políticos romenos.Lutando contra uma grave crise econômica, o governo da Romênia recentemente pediu um imposto de renda de 16%para bruxos, astrólogos e adivinhos.
As autoridades locais, como as da Tailândia, são conhecidas por buscar o conselho de paranormais, e o presidente Traian Basescu e seus assessores às vezes se vestem de roxo para afastar o mal-olhado.
Talvez eles precisem de muito roxo.Uma bruxa chamada Bratara Buzea estava planejando um feitiço usan do uma poção especialmente poderosa de excremento de gato e cachorro morto.
"Nós fazemos o mal a quem nos prejudica", ela disse a uma agência de notícias."Eles querem tirar o país dessa crise nos usando?Deveriam nos tirar da crise porque eles nos colocaram nela."
Certamente o governo está tentando fazer exatamente isso. Com uma pequena ajuda de médiuns, astrólogos e adivinhos. KEVIN DELANEY

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