São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

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Raridade no Oriente Médio, jovem jornal libanês ousa provocar

Por ROBERT F. WORTH
BEIRUTE, Líbano-Ibrahim al Amine, editor executivo do "Al Akhbar", descreveu as ambições fundadoras de seu jornal: "Queríamos que o embaixador dos EUA acordasse pela manhã, lesse nosso jornal e se sentisse incomodado".
Deu certo. O "Al Akhbar" tornou- se o único jornal árabe a conseguir sua própria leva substancial de telegramas do WikiLeaks e fez questão de catalogar diversos motivos de constrangimento para os reis, príncipes e políticos da região. Pouco depois disso, a página do jornal na internet tornou- se alvo de um ciber ataque que acabou virando notícia.
Foi a façanha mais recente de Um jornal que existe há cinco anos e já se tornou o mais dinâmico do Líbano, talvez de todo o mundo árabe. Em uma região marcada pela propaganda política servil, o "Al Akhbar" virou leitura obrigatória, mesmo para quem rejeita suas posições políticas.
O jornal defende os direitos dos homossexuais, o feminismo e outras causas de esquerda, ao mesmo tempo em que defende plenamente o movimento xiita Hizbollah, apoiado pelo Irã. O acesso de que goza junto ao grupo lhe permite ser o primeiro a publicar furos sobre o maior assunto permanente no Líbano, mas o jornal também publica matérias de denúncia sobre abusos de empregados domésticos, superlotação de prisões e outros temas delicados.
"Nosso projeto é basicamente anti-imperialista", disse Khaled Saghieh, editor-administrativo do "Al Akhbar", que abandonou um Ph.D. em ciência política na Universidade de Massachusetts para ajudar a fundar o jornal.
O "Al Akhbar" tem muitas das falhas da grande imprensa árabe: dependência excessiva sobre fontes únicas e o hábito de misturar fatos, rumores e opiniões de maneira pouco criteriosa. Mas é livre das manchetes sub servientes comuns em todo o Oriente Médio: a visitado rei ao aeroporto ou do presidente à mesquita.
O editor fundador do "Al Akhbar", o jornalista de esquerda Joseph Samaha, visualizou um jornal com forte compromisso político, mas sem vínculos com qualquer partido. Samaha morreu de ataque cardíaco em 2007, menos de seis meses após a fundação do jornal.
"Quisemos fazer algo novo: Um jornal verdadeiramente independente", disse Hassan Khalil, banqueiro residente em Londres que é o proprietário principal do "Al Akhbar".
A circulação do jornal é pequena -entre 10 mil e 15 mil exemplares-, mas comparável à dos outros jornais libaneses. O setor de jornais impressos está minguando no país, assim como em toda parte. Mas o site do "Al Akhbar" é mais acessado que o de qualquer outro jornal libanês.
Críticos dizem que as declarações de liberdade editorial do "Al Akhbar" soam um pouco falsas,na medida em que o jornal opera sob a proteção tácita do Hizbollah, a mais potente força militar do Líbano. Mas o jornal possui uma convicção e energia juvenis que faltam a muitos outros. Sua redação, que ocupa salas no andar de cima de um supermercado, lembra a de um jornal universitário.
Amine, o presidente do conselho, é o buldogue de linha-dura.
Ele citou que gostaria de ver realizadas: a substituição dos governos repressores do mundo árabe e a retirada de Israel do mapa. "Espero não ter provocado você", concluiu.


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