São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

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Um scanner que identifica fraturas minúsculas em peças de máquinas

Peças de motores, marca-passos e milhões de outros objetos manufaturados de importância crucial precisam ser inspecionados cuidadosamente para verificar a presença de defeitos perigosos, como rachaduras finíssimas.
Uma nova geração de aparelhos de inspeção mecânica aguçados é capaz de identificar rachaduras microscópicas com apenas 1/50 do diâmetro de um fio de cabelo. Esses scanners industriais de alta resolução, as micro TCs (Tomografias Computadorizadas), podem lançar avisos que salvam vidas, localizar falhas em lâminas de turbinas antes de serem montadas em jatos ou identificar falhas em capacetes antes de serem vestidos por soldados.
As máquinas também podem ser usadas para engenharia reversa, medindo as dimensões externas e internas de objetos; estes são scaneados com tanta precisão que geralmente é possível criar uma duplicata a partir dos dados, disse Neil Gershenfeld, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Gershenfeld instalou no MIT um micro scanner TC no Centro de Bits e Átomos, que ele próprio dirige.
Vijay Mathew, da firma de pesquisas Frost & Sullivan, disse que a tecnologia vem atraindo grandes empresas, que recentemente adquiriram negócios com TC.
No início, os sistemas de TC industriais eram lentos e difíceis de usar. As máquinas funcionam melhor com componentes menores e requerem potência considerável de raio-X para penetrar materiais mais densos. Mas ele disse que a resolução e velocidade vêm melhorando. "Hoje a micro TC é rápida e é capaz de fazer inspeção em velocidades de produção", afirmou. "É por isso que estamos assistindo a muito interesse e atividade de aquisição."
As micro TCs, assim como as máquinas mais conhecidas de TC e TAC (Tomografia Axial Computadorizada) usadas na área da saúde, fazem radiografias desde muitos ângulos. Elas são combinadas por computador para criar imagens tridimensionais.
Num hospital, a fonte e o detector de raio-X giram em torno do paciente, mas em sistemas como o do MIT, o que gira é a amostra.
Gershenfeld disse que o scanner é procurado no campus por engenheiros, artistas e biólogos, entre outros. Os engenheiros podem fazer um modelo de argila de um produto que, então, pode ser convertido em um protótipo.
"Uma vez scaneado, os dados podem ir diretamente para uma impressora 3D para a produção rápida de um protótipo." Desenhos -como os que são criados com um arquivo CAD (desenho assistido por computador)- não são necessários. O scanner fornece todas as informações de que a máquina precisa. "Fornece medições externas, como um scanner a laser, mas também volumes internos", disse.
A micro TC também é usada em engenharia reversa. "Esse termo tem sido ligado à espionagem industrial", disse Gershenfeld. "Mas, em um mundo de softwares de fonte aberta, a engenharia reversa pode ser empregada não para infringir, mas para descobrir como funcionam os objetos e o que há dentro deles."
O scanner eXpress CT é fabricado pela North Star Imaging de Minnesota. De acordo com o gerente de produto Julien Noel, a máquina é suficientemente veloz para ser usada em linhas de produção, podendo inspecionar e medir componentes pequenos em seis segundos. Na Universidade de Manchester, na Inglaterra, Philip Withers, diretor do Centro de Imageamento por Raio-X Henry Moseley, possui uma bateria de máquinas de TV que resolvem detalhes tão pequenos quanto um mícron, além de um nano-TC que mostra detalhes ainda menores.
Gershenfeld disse que o scanner em seu laboratório exerceu uma função crucial. "Você põe uma coisa nele e enxerga o que você realmente fabricou", disse. "Isso é crucial. Ser capaz de medir o que se fez é a chave do progresso em qualquer campo."


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