São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2011

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DINHEIRO & NEGÓCIOS

Em tempos incertos, para onde vai o dinheiro inteligente

Para os fundos de hedge, o futuro do Brasil chegou

Por AZAM AHMED

Dez anos atrás, o Goldman Sachs proclamou que o Brasil estava entre as novas potências econômicas. Hoje, o país é a próxima fronteira para os fundos de hedge.
Os maiores atores da indústria estão no Brasil atraindo os melhores talentos, abrindo novos escritórios e comprando firmas locais. "A América Latina sofreu porque sempre se acreditou que 'o Brasil é o país do futuro e sempre será'", disse Marko Dimitrijevic, fundador da Everest Capital, fundo de hedge emergente da Flórida que administra US$ 2 bilhões. "Mas parece que o futuro é agora."
Na última primavera, o Morgan Stanley abriu escritório de fundos de investimentos em São Paulo para assessorar os clientes latino-americanos. No final do ano passado, a Highbridge Capital, do JPMorgan Chase, comprou uma participação majoritária na Gávea Investimentos, fundo de hedge brasileiro. Um dos maiores fundos europeus, o Brevan Howard, abriu escritório em São Paulo. E, no mês passado, o primeiro Hedge Fund Brazil Forum atraiu representantes de firmas importantes como Paulson & Company e SAC Capital Advisors.
Os ativos de fundos de hedge aplicados na região aumentaram 75%, para US$ 21,4 bilhões, em 2010, segundo a Hedge Fund Research. Assim como as firmas foram para Hong Kong para conseguir entrar no mercado chinês uma década atrás, elas estão usando o Brasil como trampolim para o resto da América Latina.
A atração é evidente. Enquanto muitos países desenvolvidos vacilaram com um fraco crescimento econômico, o Brasil continuou prosperando, devido a sua reserva de recursos naturais e crescente classe média. No ano passado, o PIB do país aumentou 7,5% -ajudando a catapultar o Brasil à frente da Grã-Bretanha e da França para se tornar a quinta maior economia do mundo.
"Nos últimos cinco anos, cerca de 34 milhões de brasileiros entraram na classe média", disse Oscar Decotelli, sócio da Vision Brazil Investments, uma firma de investimentos alternativos de US$ 2 bilhões baseada em São Paulo. "Isso é significativo para uma população de 200 milhões."
Mas, embora a América Latina tenha sido forte para sair da crise econômica global, os analistas estão cada vez mais preocupados com a inflação.
O banco de investimentos Goldman Sachs cortou previsões de crescimento para o Brasil para 2011 e 2012. Os investidores estão preocupados que a enxurrada de dinheiro novo que se avoluma no mercado possa levar a retornos menores.
Nos últimos cinco anos, o índice MSCI para a América Latina teve ganhos anuais de 13% -o melhor desempenho de qualquer região de mercado emergente.
"Como é o famoso ditado? 'Se o motorista de táxi está falando sobre um investimento, você sabe que é hora de vender'", disse Decotelli, da Vision Brazil.
Mas ele diz que acha que o Brasil e o restante da América Latina ainda estão no início de uma história de crescimento. O acréscimo de grandes atores institucionais deverá ajudar o mercado a evoluir, em vez de freá-lo.
No primeiro trimestre de 2011, os negócios destinados ao Brasil representaram US$ 13,2 bilhões, um aumento de 370% em relação ao ano passado.
"Algumas pessoas acumularam demais e muito depressa em Hong Kong. Por essa razão, de modo geral, vão se aproximar do Brasil mais com 'Vamos experimentar isto', em vez de 'Vamos colocar 16 pessoas no local imediatamente'", disse Daniel Hunter, sócio da firma de advocacia Schulte Roth & Zabel. "Tudo o que eu posso lhe dizer é que realmente existe um desejo dos fundos de hedge de descobrir o que está acontecendo no Brasil e como aproveitar isso."


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