São Paulo, segunda-feira, 18 de abril de 2011

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Oriente Médio ainda é bom para investidor

Por JULIE CRESWELL

Quando se trata de investir no Oriente Médio, Thomas J. Barrack Jr. enxerga longe. Instabilidade não é novidade lá, ele disse. As coisas são assim há 5.000 anos.
O Oriente Médio está "habituado a operar no caos", disse Barrack, que dirige a Colony Capital. A empresa é a maior acionista do varejista francês Carrefour e controla US$ 36 bilhões em capitais privados e investimentos imobiliários em todo o mundo, incluindo mais de US$ 200 milhões no mundo árabe. "Na verdade, a região tende a se sair melhor em tempos caóticos."
Enquanto outros investidores de capitais privados recuam da região, Barrack disse que está "pensando seriamente" em aumentar investimentos por lá, que incluem hotéis no Cairo e em Bahrein e mercearias na Síria.
De fato, executivos da gigante de investimentos privados Carlyle Group, que é parcialmente propriedade da firma de investimentos Mubadala Development, de Abu Dhabi, disseram que suspenderiam alguns planos de investimentos no Egito.
Um cofundador da Carlyle, David Rubenstein, advertiu que "este não é o momento para fazer investimentos no Egito". Mas completou: "Estamos otimistas sobre as perspectivas da região em longo prazo".
Até recentemente, o Oriente Médio foi uma área quente para firmas de capitais privados, que levantaram bilhões de dólares para investir lá, mas perceberam que visões de lucros rápidos eram miragem. Alguns atores estão preocupados que, com a agitação que se estende do norte da África ao golfo Pérsico, incluindo Iêmen e Síria, as pessoas procurem oportunidades em outros lugares.
Mas Barrack tem um longo histórico de desafio à sabedoria convencional. Neto de imigrantes libaneses que possuíam uma mercearia perto de Los Angeles, ele ficou bilionário comprando ativos desvalorizados.
Essas apostas no contrafluxo incluem a compra de empréstimos ruins durante a crise de poupança e crédito americana, assim como ativos asiáticos depois da crise asiática no final dos anos 1990, investimentos de sucesso. Os fundos Colony captados de 1998 a 2003 divulgaram retornos anuais de mais de 20%, disse um investidor.
Barrack, que fala árabe, chegou à Arábia Saudita no início dos anos 1970 depois de se formar em direito. Um executivo de lá lhe perguntou se jogava squash, pois alguém precisava de um parceiro.
"Eu não tinha ideia de quem era", lembrou. "Acontece que o homem era um dos filhos do rei." Suas conexões foram novamente úteis em 1974, quando Barrack, 63, foi o consultor jurídico de um acordo envolvendo um americano que comprou terras no Haiti com o objetivo de construir uma refinaria; o ditador haitiano Jean-Claude Duvalier; e dois príncipes sauditas, pelos direitos de vender petróleo saudita ao Haiti com desconto.
Barrack disse que consultou autoridades dos Departamentos de Estado e do Comércio dos Estados Unidos sobre acordos em mercados emergentes.
Para Barrack, a principal atração do Oriente Médio é o petróleo. "Existem 22 países produtores de petróleo que se beneficiam de um tremendo retorno", ele disse. "Para cada aumento de US$ 1 no preço do petróleo há US$ 9 bilhões por ano de lucros na região."
Esse dinheiro está fluindo para as economias locais, assim como para firmas de investimentos privados como a Colony. Em julho, Barrack trabalhou com o fundo soberano do Qatar e outros para adquirir a Miramax Films da Walt Disney Company por cerca de US$ 660 milhões.
Como outras firmas de capitais privados que levantaram bilhões entre 2005 e 2007, a Colony pagou preços altos pelos ativos e, depois, os alavancou ao máximo com dinheiro emprestado. Alguns de seus fundos criados mais recentemente estão divulgando prejuízos de até 50%.
Barrack cita uma combinação de mau momento com excesso de dívida, especialmente na aquisição por US$ 8,8 bilhões do Station Casino em Las Vegas, em 2007. O Station pediu concordata em 2009.
Não que Barrack tenha dúvidas. "Quando você está passando pelo inferno, continue andando", ele disse.


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