São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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Republicanos procuram caminho para recuperar poder


Um dos dilemas é se o partido deve mudar seu foco de atenção e priorizar novos temas

Por MICHAEL COOPER

MIAMI - Em reuniões pequenas nas casas de ativistas conservadores e outras, maiores, em grupos de pesquisa, blogs e encontros como o dos governadores republicanos, em novembro, as perguntas têm sido as mesmas: quase 30 anos após Ronald Reagan ter inaugurado a ascensão conservadora na política americana, como o movimento conservador deve se reenergizar? E como podem os conservadores mapear um caminho para voltar ao poder, após a derrota nas eleições de novembro?
Alguns defendem um retorno às questões fundamentais, argumentando que o presidente George W. Bush distanciou-se dos princípios conservadores ao expandir o governo e elevar gastos. Outros tiram a conclusão oposta, a de que os republicanos vêm atraindo uma base demasiado estreita e que o partido precisa atualizar seu foco de atenção, especialmente num momento em que os eleitores estão mais preocupados com temas como empregos e saúde que com o aborto e os direitos dos gays.
"Todos estão desencorajados e desiludidos, mas também energizados", disse Richard Viguerie, conservador pioneiro que quer que os conservadores desistam de apoiar um partido que, diz ele, os traiu, e comecem a formar grupos de base.
Para Lee Edwards, historiador do movimento conservador da Fundação Heritage, emerge o consenso de que os republicanos foram prejudicados por se distanciar de seus princípios e que os conservadores religiosos, os conservadores econômicos e os que defendem uma presença militar forte parecem entendido a necessidade de se unir para reconquistar poder.
"Não é o caso de enfatizar questões econômicas ou questões sociais", disse Edwards. "O que precisamos fazer é voltar ao que Reagan fez e montar uma coalizão."
Mas John Weaver, estrategista inicial da campanha presidencial de John McCain (até deixá-la em julho de 2007), questionou a premissa de que os republicanos perderam porque não foram suficientemente conservadores. "Ainda somos um país de centro-direita, mas o foco está mais próximo do centro que da extrema direita", disse. "Precisamos nos comunicar com as pessoas, que decidem as eleições."
O presidente do Partido Republicano na Flórida, James Greer, um dos vários candidatos com chances de liderar o partido nacional, pediu que seja dada menos ênfase a algumas questões sociais e mais às questões econômicas, que, segundo ele, interessam a uma faixa maior do público.
"Acho que precisamos responder as perguntas formuladas pelos conservadores: 'Meu partido ainda defende os valores familiares? Ainda é meu partido em questões de fé?'", disse Greer. "[Temos que] responder essas perguntas com firmeza e um 'sim'. Mas então passar adiante. E falar dos temas que importam aos americanos: economia, emprego e educação."
Grover Norquist, presidente da organização Americanos pela Reforma Tributária, zombou dos chamados para que os republicanos se desloquem mais à esquerda, que, diz ele, foram lançados após as derrotas republicanas em 1964, 1976 e 1992. E sugeriu que alguns dos pedidos pela atualização do conservadorismo -por exemplo, levando mais a sério o aquecimento global-seriam chamados para deslocar o partido mais para a esquerda.
Na conferência da Associação dos Governadores Republicanos, em novembro, alguns expressaram receios de que o partido se teria prejudicado ao afastar os eleitores hispânicos, uma força crescente, com o discurso divisor que acompanhou o debate em torno das leis de imigração nos EUA. Chegou a ser sugerido que os republicanos não poderiam continuar a responder "Ronald Reagan" a cada vez que perdem de modo avassalador os eleitores jovens -que eram crianças ou não eram nascidos quando Reagan foi presidente.
Tim Pawlenty, governador do Minnesota, se recordou de levar uma cuspida de um hippie quando foi voluntário em uma das campanhas de Reagan. "Mas ele foi presidente muito tempo atrás", disse Pawlenty. "Muita coisa aconteceu desde então. Nosso desafio, agora, é pegar os princípios do final dos anos 1970 e 1980 e aplicá-los às circunstâncias, aos problemas e às oportunidades de nosso tempo."


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