São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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Todos querem jantar com Obama


A sociedade se pergunta se o primeiro-casal será afeito a eventos sociais

Por JULIE BOSMAN

Com a chegada de um novo governo, começa um jogo de adivinhação em Washington: quem vai conseguir convidar o casal Obama para jantar?
"Eles estão sendo muito disputados neste momento", disse Ann Walker Marchant, executiva-chefe de uma firma de relações públicas e sobrinha de Vernon Jordan Jr., durante anos membro íntimo do círculo dos Clinton. "Uma coisa é certa: eles são convidados perenes em minha casa."
"Todo o mundo na cidade quer vê-los, todo o mundo quer ir à Casa Branca", comentou a autora, jornalista e anfitriã frequente Sally Quinn. "E todo o mundo quer convidá-los para suas casas."
Um assessor de Obama disse que o escritório da transição vem sendo inundado de convites para festas, jantares e eventos.
A primeira saída no cenário social feita por um novo presidente pode servir de indício de como o primeiro-casal se propõe a relacionar-se com a Washington não-oficial. Deixar de fazê-lo pode significar perder oportunidades de estar com a imprensa, fazer gestos em direção a membros do outro partido e promover a agenda política da Casa Branca, como outros presidentes anteriores já descobriram.
Jimmy Carter e sua esposa, Rosalynn, chegaram à capital em 1977 determinados a não frequentar a sociedade de Washington. A postura suscitou ressentimentos entre democratas da capital.
"Os Carter juraram que nunca se envolveriam em jantares em Georgetown e realmente não o fizeram", comentou Diana McLellan, autora e colunista social de Washington. "Eles se distanciaram de sua base, e isso gerou uma má vontade enorme em relação a Carter. Foi catastrófico."
Pouco depois de chegar a Washington após sua eleição, em 1980, Ronald Reagan e sua mulher, Nancy, fizeram as rondas sociais com entusiasmo. A secretária social de Nancy, Muffie Brandon Cabot, organizava regularmente almoços em residências particulares para que a primeira-dama pudesse fazer novos amigos.
Nas semanas que se seguiram a sua eleição, Bill Clinton foi às casas de Pamela Harriman, do casal Jordan e de Katharine Graham, a então publisher do "The Washington Post".
Já Laura Bush falou em nome de seu marido quando disse que eles não tinham ido a Washington para fazer novos amigos.
Ainda não está claro para o círculo social de Washington se o novo primeiro-casal terá um perfil social extrovertido, como os Reagan, ou se será mais semelhante aos Bush, que apreciam sua privacidade. Talvez a pergunta mais urgente seja como uma anfitriã ambiciosa pode fazer para conseguir convidá-los.
Para a consultora de mídia Tammy Haddad, o primeiro passo será procurar pessoas que têm influência junto aos Obama. Uma tática comum é promover um encontro para homenagear não o próprio Obama, mas alguém próximo, como um de seus assessores principais, sugeriu astutamente uma anfitriã de Washington. Obama teria dificuldade em recusar o convite.
Outra possibilidade, sugeriu McLellan, é conseguir a aceitação de uma lista de convidados de primeira linha. "É preciso encontrar alguém que Obama tenha muita vontade de conhecer", disse ela.
Ann Marchant, que passou seis anos como assistente especial na Casa Branca de Bill Clinton, previu que haverá algumas mudanças sociais na cidade.
"Há muita incerteza e mapeamento de território novo, porque Washington tem sido por muito tempo uma cidade social em que determinadas pessoas formam os grupos sociais", disse ela. "Acho que, com a chegada dos Obama, as pessoas estão se perguntando se essas hierarquias sociais vão continuar as mesmas."


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